Nobel da Paz participa de ato em Porto Alegre

Nobel da Paz participa de ato em Porto Alegre

Argentino Adolfo Pérez Esquivel esteve no Parque da Redenção

Correio do Povo

Nobel da Paz participa de ato em Porto Alegre

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Prêmio Nobel da Paz de 1980, o ativista argentino de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel, foi a grande atração deste domingo do ato unificado das centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda junto ao Monumento ao Expedicionário, na Redenção, pelo Dia do Trabalhador. Muito aplaudido, ele fez um pronunciamento no palanque montado em um caminhão de som. Em entrevista à imprensa no local, ele classificou de golpe o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e lembrou o que qualificou de “experiências pilotos” realizadas antes em Honduras e Paraguai, sendo usadas “as mesmas metodologias com cumplicidade dos parlamentos e meios de comunicação massivos” para instalar conflitos visando a deposição de presidentes que não “estão de acordo com o modelo neoliberal”, inclusive sem a necessidade de emprego dos militares. Adolfo Pérez Esquivel chamou o estratagema de “golpe de estado branco” com perda da soberania do país.

Em uma análise mais profunda, o Prêmio Nobel da Paz explicou que um dos objetivos do modelo neoliberal é a privatização de empresas estatais e barrar os direitos sociais, privilegiando “os grandes centros de poder”. Adolfo Pérez Esquivel defendeu a resistência e a organização social “para que não se percam os direitos cidadãos”, alertando ainda que a política neoliberal “leva à repressão dos movimentos sociais e restrição das liberdades” com recrudescimento do autoritarismo.
Prevendo impacto em todo o continente latino-americano e até mundial a partir do que ocorrer no Brasil, ele espera que os movimentos sociais se organizem e se unam para uma resistência em defesa da democracia, da soberania e liberdades cívicas. “O povo não pode perder o direito de viver a democracia, que não se ganha mas se constrói”, declarou, acrescentando a interrupção do processo democrático no Brasil será um “retrocesso de muitos anos”.

Adolfo Pérez Esquivel recordou também que, apesar de chegar à presidência pela eleição, a política neoliberal do novo governo da Argentina já provocou um enorme impacto na população. Em quatro meses de governo, revelou, surgiram mais de 1,4 milhão pobres. “Privilegiou-se as grandes empresas e promoveu-se o desemprego massivo”, relatou, propondo apoio internacional para “salvar a democracia no Brasil e na América Latina”. 


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