Noventa dias após 1º registro, Porto Alegre tem 1.712 casos da Covid-19 e 45 óbitos

Noventa dias após 1º registro, Porto Alegre tem 1.712 casos da Covid-19 e 45 óbitos

Do total, 1.094 foram notificados nos últimos 30 dias, segundo dados da SMS

Jessica Hübler

No dia 16 de junho, próxima terça-feira, completam 90 dias da primeira morte na capital gaúcha

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O primeiro caso da Covid-19 em Porto Alegre foi registrado oficialmente no dia 8 de março, apesar de outros terem sido lançados nas estatísticas com datas anteriores em consequência de exames realizados posteriormente e lançados de acordo com a data da internação hospitalar. Do primeiro registro oficial até esta segunda-feira, passaram-se 90 dias, quando a Capital chegou à marca de 1.712 casos confirmados da doença e 45 óbitos, sendo o mais recente confirmado nesta noite. No dia 16 de junho, próxima terça-feira, completam-se 90 dias da primeira morte na capital gaúcha.

Na avaliação do professor do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e responsável pelo curso condução de crises e criação de gabinetes de crise em Saúde, Alcides Miranda, Porto Alegre tem ido “rápido demais” nas liberações das atividades econômicas, que tiveram início no dia 22 de abril. “Estamos arriscando, espero estar errado, mas prefiro que a gente esteja preparado para o pior. A responsabilidade do poder público é muito grande, se não tenho informações suficientes para tomar decisões que vão mudar o curso da epidemia, tenho que me preparar para o pior”, destacou

Conforme Miranda, mesmo que Porto Alegre esteja acompanhando uma progressão gradual do número de casos e das internações nos leitos de UTI, pode acontecer de outras regiões terem surtos do novo coronavírus, impactando no atendimento da Capital. “Pode haver sobrecarga em Porto Alegre, onde tem maior número de leitos, por surtos de outras regiões, em função do deslocamento dos casos. Tenho acompanhado aumento dos casos de Porto Alegre e por conta disso também pode estar aumentando o número de complicações pelo aumento do contágio”, afirmou.

Com relação ao recorde no número de internações de pacientes com a Covid-19 em leitos de UTI, registrado ontem, chegando a 62, Miranda reiterou que, mesmo que as internações estejam seguindo uma média, o aumento gradual pode se tornar um aumento intensivo de uma hora pra outra. “A proporção vem aumentando, de repente ela pode estourar em três ou quatro dias, e aí teremos a situação do colapso, quando temos mais complicações do que recursos assistenciais e as pessoas vão morrer sem ter atendimento”, enfatizou.

A ideia de que a situação está “teoricamente controlada” em Porto Alegre, segundo Miranda, é uma falsa segurança baseada em um monitoramento incompleto e perigoso. “Não estamos tentando impedir que a epidemia siga um curso intermediário, o que estamos tentando é impedir o colapso do sistema de saúde. Ao fazer isso teremos perdas econômicas e sociais, desdobramentos e problemas em médio prazo, a gente sabe disso, mas se a gente tiver o colapso dos serviços de saúde, a mortalidade vai aumentar bem mais, só por conta do novo coronavírus”, declarou, reforçando que, se chegarmos a um ponto de leitos de UTI totalmente ocupados, pessoas que sofrerem infartos ou acidentes, por exemplo, poderão morrer por conta da falta do atendimento.

Se Miranda estivesse em um gabinete de crise, confessou, iria propor que um retorno das restrições às atividades econômicas. “Eu proporia isso, assumindo a responsabilidade, sabendo que há o problema das perdas econômicas, tendo muito claro isso. Não estamos dizendo que não vai haver consequência econômica, temos que decidir o que é mais importante”, disse.

63% dos casos foram notificados nos últimos 30 dias

Segundo dados da SMS, no dia 8 de maio, Porto Alegre registrava 618 casos confirmados da Covid-19 e 18 óbitos. Após 30 dias, em que o número de testes foi ampliado, algumas atividades foram flexibilizadas na Capital e o isolamento social diminuiu, a cidade saltou para 1.712 casos confirmados do coronavírus e 45 mortes. 

Este foi o maior avanço mensal já registrado por Porto Alegre nos três meses de pandemia. No dia 8 de abril, a cidade contabilizava 311 casos, na mesma data em maio, 618, e agora, em junho, 1.712 casos confirmados da Covid-19.

De acordo com a pasta municipal, até o momento, 619 pacientes já se recuperaram da doença. 


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