"Nunca fui assassino", diz ex-chefe do DOI-Codi à Comissão da Verdade

"Nunca fui assassino", diz ex-chefe do DOI-Codi à Comissão da Verdade

Coronel Carlos Alberto Ustra negou ter cometido crimes durante o regime militar

AE

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O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi chefe do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo durante o regime militar, nesta sexta-feira, que "lutou pela democracia" e negou ter cometido crimes. "Nunca fui assassino", disse Ustra aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade.

O coronel foi convocado como parte das atividades do colegiado, que ouviu também o ex-agente Marival Chaves Dias do Canto. Ele confirmou que Roberto Artone era agente da repressão e poderia dar informações sobre desaparecidos político, conforme revelou o jornal O Estado de S.Paulo, na edição desta sexta-feira. O depoimento foi aberto ao público e transmitido na internet.

Antes das perguntas, Ustra fez um depoimento inicial em que defendeu sua atuação no período militar. "Estávamos cientes de que estávamos lutando para preservar a democracia. Lutávamos contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredão", afirmou. "Hoje não existiria democracia nesse País", completou.

O coronel comandou o DOI-Codi entre 1970 e 1974. O nome dele é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos humanos no período. "Quem tem que estar aqui é o Exército, não eu", disse em tom exaltado. "Eu não vou me entregar. Eu lutei, lutei e lutei. Tudo que eu tenho a declarar está no meu livro", afirmou ao final. Ustra obteve decisão liminar na Justiça para não responder às perguntas, mas tem respondido parte das questões.

Perguntado sobre um caso de estupro nas dependências do DOI-Codi, Ustra reagiu com irritação. "Nunca, nunca, nunca ninguém foi estuprado dentro daquele órgão. Digo isso em nome de Deus. É verdade o que estou falando". Ustra também negou a ocorrência de mortes no DOI-Codi durante o seu comando. "Sempre admitimos que houve mortos (durante o regime militar). No meu comando ninguém foi morto dentro do DOI. Todos foram mortos em combate. Dentro do DOI, nenhum."

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