Obras do entorno da Arena pouco avançaram após quase dez anos da inauguração de estádio

Obras do entorno da Arena pouco avançaram após quase dez anos da inauguração de estádio

Moradores relatam cenário desolador depois de compromisso firmado para mitigar impactos da construção da casa do Grêmio

Giullia Piaia

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No ano em que se completarão dez anos da inauguração da Arena do Grêmio, pouco se avançou no que tange as compensações devidas aos moradores do entorno do estádio. Desde a última reportagem do Correio do Povo sobre o assunto, em fevereiro, nada mudou. “Até quando tu ligou, eu fiquei pensando ‘meu Deus. O que eu vou dizer diferente do que eu falei na última vez?’. É desolador”, resume Sandra Lúcia Maciel, presidente da Associação de Moradores do Bairro Humaitá. Na realidade, pouco mudou desde a assinatura do primeiro termo de compromisso referente às obrigações do empreendedores para mitigar os impactos do Complexo Arena, firmado pelo município de Porto Alegre e a OAS Investimentos.

Assinado em abril de 2021, o acordo definitivo para a retomada das obras no entorno da Arena prevê a conclusão das melhorias em um prazo de 58 meses, a contar da aquisição da Arena pelo Grêmio, o que, apesar de previsto para outubro do ano passado, ainda não ocorreu. O acordo, assinado pelo município de Porto Alegre, Ministério Público do Rio Grande do Sul, Arena Porto-alegrense, OAS, Karagounis, Albisia, Acauã e Grêmio, repactua as obrigações assumidas em 2014 e incluem a execução de obras pela OAS Investimentos na avenida A.J. Renner, avenida Padre Leopoldo Brentano e rua José Pedro Boéssio; a construção do quartel para o 11º BPM e da Estação de Bombeamento de Esgoto e incluem a execução de obras na avenida A.J. Renner, avenida Padre Leopoldo Brentano e rua José Pedro Boéssio, a construção do quartel para o 11º BPM e da Estação de Bombeamento de Esgoto.

“Eu tinha muita expectativa que eles fizessem a duplicação da A.J. Renner, por uma necessidade. A nossa comunidade imaginava que isso a Arena se motivaria a fazer, até para o acesso dos próprios torcedores”, comenta Sandra. Outras contrapartidas estão sob responsabilidade da Arena Porto-alegrense e OAS Investimentos, como a limpeza, desobstrução e desassoreamento da galeria entre a av. Frederico Mentz até o cruzamento com a galeria da avenida Voluntários da Pátria e a limpeza do poço de acumulação onde é feito o recalque pelas bombas da Casa de Bombas 5 e limpeza do canal de expurgo do efluente da Casa de Bombas 5, localizado na margem Leste da rua João Moreira Maciel.

Essas contrapartidas deveriam, conforme acordo, serem feitas de forma imediata. Entretanto, de acordo com o Dmae, o serviço foi suspenso, com a concordância da Procuradoria-Geral do Município (PGM) e do Ministério Público (MP), e que estuda medidas com relação ao aprofundamento do canal de expurgo da casa de bombas. Este inverno, pelo menos, houve um alívio para a região, que sofre com constantes alagamentos. As chuvas, pelo menos até o momento, não tiveram a intensidade necessária para alagar as vilas no entorno do estádio. “Nesta questão foi mais tranquilo, este ano. O inverno está sendo mais generoso conosco, mais compreensivo. Ele deve estar pensando ‘já que os gestores públicos não estão cuidando deles, não vou maltratá-los’”, brinca a líder comunitária.

Moradores reclamam de cenário nas proximidades da Arena / Foto: Mauro Schaefer 

Impasse para a aquisição da Arena

Em outubro do ano passado, quando deveria ter sido assinado o acordo para a aquisição do Complexo Arena, Grêmio e OAS Investimentos solicitaram a prorrogação no prazo para a finalização do negócio. Em dezembro do mesmo ano, pediram para que as negociações passassem a correr em segredo de justiça, o que impede o MP e a PGM de se aprofundar em novos desdobramentos do processo. Por conta disto, também é impossível saber em que pé andam as negociações.

Além do entorno do novo estádio, o imbróglio também faz definhar outra área da Capital, a antiga casa do Grêmio, o estádio Olímpico. A área ainda pertence ao clube, que gasta cerca de R$ 100 mil por mês com a manutenção e segurança do local. Apesar disso, a estrutura está debilitada, fechada para o futebol desde 2014, o estádio se transforma em ruínas. O terreno será transferido a OAS e a Karagounis, apenas quando receber a propriedade da Arena, livre de qualquer pendência.


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