Oficina de informática dá oportunidade a pessoas em situação de vulnerabilidade

Oficina de informática dá oportunidade a pessoas em situação de vulnerabilidade

Ação foi promovida pelo Centro de Integração Empresa Escola do Rio Grande do Sul

Henrique Massaro

Onze alunos se formaram em curso CIEE

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Marcelo Barbosa Silva, 47 anos, não teve tempo de acompanhar as evoluções tecnológicas das duas últimas décadas. Não vivenciou a popularização dos computadores e o crescimento da internet. Telefone celular até chegou a adquirir, mas nem chegou perto de ter ou sequer entender o funcionamento dos smartphones. É que ele viveu um outro lado dessa mesma sociedade que se informatizava e se digitalizava. Dividiu 17 anos de vida entre luta contra as drogas e, consequentemente, o desemprego e a falta de moradia. Na manhã desta sexta-feira, no entanto, deu o primeiro passo para recuperar o tempo perdido: foi um dos 11 alunos em situação de vulnerabilidade formados em uma oficina de informática promovida pelo Centro de Integração Empresa Escola do Rio Grande do Sul (CIEE-RS).

Silva tinha 30 anos de idade quando acabou por descarregar nas drogas a dor de um divórcio. O início da dependência química levou ao mesmo destino recorrentemente relatado por outras pessoas em situação vulnerável. Primeiro, foi a falta de emprego que tinha com serviços gerais e, em seguida, a ida para as ruas de Porto Alegre, onde ficou por quatro anos. Depois disso, uma nova queda em uma tentativa de se reerguer. Mais uma vez desempregado, foi novamente para a rua. Há pouco mais de um mês, contudo, foi para o Abrigo Municipal Marlene. Lá, além de um teto para dormir, encontrou a possibilidade de participar do grupo encaminhado pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) para a oficina do CIEE. “Agora, com esse curso, tenho algo a adicionar no meu currículo”, destacou Silva, que reconhece que hoje os conhecimentos em informática são pré-requisito até em serviços mais simples e que, em outras épocas, não tinham essa necessidade.

Como já se livrou das drogas há 9 anos, o foco agora é apenas em dar continuidade a outros cursos de qualificação gratuitos para aumentar as chances de voltar a trabalhar. Assim que isso acontecer, a meta será procurar a família, com quem perdeu o contato.

No caso de Luiz Carlos Imlau, 66 anos, as drogas não estiveram presentes. Depois de ter trabalhado como florista, motorista e vendedor ambulante, ele foi direto para a rua somente em função das dificuldades econômicas. A situação também lhe fez perder contato com esposa e filhos e, há um ano, vive o mesmo abrigo que Marcelo Silva, com quem ainda dividia a total inexperiência com informática. “Nunca tinha sentado na frente de um computador. Mas eu dizia: ‘Nem que eu tenha 100 anos, eu vou aprender isso’”, contou, satisfeito, com a apostila da oficina em mãos.

A supervisora de programas sociais do CIEE-RS, Melânia Lisiak, explicou que a oficina é uma parceria da instituição com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte. Através dela, também estão sendo oferecidos outros cursos de qualificação para grupos de quilombolas e de integrantes do Centro Pop. De acordo com a supervisora, a oficina de informática teve 10 dias de duração e buscou oferecer conhecimentos básicos para os participantes.

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