Países da América do Sul se mobilizam contra incêndios florestais

Países da América do Sul se mobilizam contra incêndios florestais

Países que compartilham parte da Floresta Amazônica adotam providências para tentar conter incêndios em seus territórios

Agência Brasil

Incêndios na Amazônia estão diretamente relacionados ao desmatamento para fins agrícolas e pecuários

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Os países que compartilham com o Brasil parte da Floresta Amazônica adotam providências para tentar conter os incêndios que se espalham por seus territórios, ameaçando a vegetação não só da mais importante floresta tropical do mundo, mas também de outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal. Países como Bolívia e Paraguai (que não é coberto pela Floresta Amazônica) estão somando forças para se ajudarem.

Nessa quinta-feira, o governo colombiano ofereceu ajuda ao Brasil para tentar conter o avanço das chamas em território brasileiro. Além disso, propôs que Brasil, Colômbia, Equador e Peru passem a atuar conjuntamente para prevenir e combater incêndios na Amazônia.

"Estamos todos os países amazônicos preocupados. Já nos oferecemos para cooperar com o Brasil, ajudando-o a combater os incêndios [registrados do lado brasileiro da fronteira]", disse o ministro de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Bolívia, Ricardo Lozano, em áudio que divulgou em suas redes sociais.

"Diante da situação atual, da perda de nossas florestas devido a incêndios, propusemos ao Brasil e aos demais países amazônicos realizarmos um projeto conjunto para tentarmos prevenir os incêndios na Amazônia", acrescentou o ministro. "Estamos, neste momento, implementando nossa política preventiva para evitar que isso ocorra na Colômbia", acrescentou Lozano.

O ministro também sugeriu a criação de um programa de manejo integral que permita às nações amazônicas discutir, conjuntamente, formas de explorar o potencial da região e fazer "frente aos efeitos das mudanças climáticas e da degradação da floresta amazônica".

Equador

Pelo Twitter, o presidente do Equador, Lenin Moreno, afirmou já ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro. "Conversei com Bolsonaro para colocar à disposição um avião que transportaria três brigadas de especialistas em combate a incêndios florestais e em investigação ambiental que podem ajudar a mitigar a tragédia na selva amazônica", escreveu Moreno. Em outra publicação, o presidente equatoriano afirmou que os incêndios que destroem a floresta "do Brasil, Peru, Bolívia e o pantanal do Paraguai" alertam o mundo inteiro.

Com boa parte de seu território coberto pela Floresta Amazônica, o Equador também enfrenta uma série de incêndios florestais nas últimas semanas. Em julho, ao lançar a tradicional campanha Equador sem Fogo, a diretora-geral do Serviço Nacional de Gestão de Riscos e Emergências, Alexandra Ocles, afirmou que, todos os anos, na região, a falta de chuvas e a maior incidência de ventos registradas durante este período se somam às "más práticas de manejo da terra, à negligência e às queimadas intencionais" para abrir novas áreas de plantio, "provocando danos ambientais".

Segundo o Serviço Nacional de Gestão de Riscos e Emergências, pela manhã, bombeiros, guarda-parques e voluntários "uniram esforços" para tentar controlar um incêndio florestal em La Rinconada. Ontem o ministro do Meio Ambiente, Raúl Ledesma, viajou à cidade de Otavalo, a cerca de 100 quilômetros da capital, Quito, para acompanhar a luta contra as chamas que se espalham pela região. "Diante do incêndio florestal registrado no setor El Angla, tomamos medidas imediatas. Nossa prioridade é resguardar o patrimônio natural de nosso país", destacou Ledesma.

Peru

Desde ontem, as áreas de proteção ambiental peruanas próximas à fronteira com o Brasil estão em estado de alerta. Em nota, o Ministério do Meio Ambiente do Peru afirma que, este ano, já foram registrados 16 incêndios florestais, 14 dos quais em áreas naturais sob proteção. O ministério refutou informações divulgadas pelas redes sociais a respeito de uma possível piora da qualidade do ar em muitas cidades peruanas devido ao deslocamento de fumaça ou partículas proveniente de áreas em chamas no Brasil e na Bolívia. Além disso, informou já ter enviado equipes para "as cidades que, eventualmente, possam ser afetadas" a fim de monitorar a situação. De acordo com a pasta, mais de 180 guarda-parques estão a postos em reservas naturais, tomando medidas de precaução para evitar que o fogo as atinja e fuja ao controle.

Pela manhã, o Ministério de Relações Exteriores informou que o país "permanece atento à possibilidade de cooperar com ações que possam mitigar os efeitos dos lamentáveis fatos [registrados] em uma região compartilhada, a qual estaremos sempre dispostos a proteger e defender". A chancelaria peruana informou ter se solidarizado e manifestado sua preocupação aos países já afetados pelos incêndios na Amazônia.

Guiana Francesa

Além de Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, a Floresta Amazônica se espalha por parte dos territórios da Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. Território ultramarino da França na América do Sul, a Guiana Francesa garante aos franceses autonomia sobre um pequeno pedaço da Amazônia.

Em uma postagem no Twitter, nessa quinta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, escreveu: "Nossa casa está queimando. Literalmente. A Floresta Amazônica - os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta - está em chamas. É uma crise internacional. Membros da Cúpula do G7, vamos discutir em dois dias este tema emergencial!"

Para o presidente Jair Bolsonaro, existe atualmente uma "guerra de informações" e alguns países aproveitam o momento para potencializar as críticas ao Brasil a fim de tentar prejudicar o agronegócio. Segundo o presidente brasileiro, o governo estuda enviar o Exército para combater as queimadas na Amazônia por meio de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

Bolívia

Diante da constatação de dezenas de focos de incêndios espalhados por todo o país, o governo boliviano contratou uma empresa privada norte-americana especializada em combates a grandes incêndios, dona do maior avião-cisterna em operação em todo o mundo, para tentar controlar as chamas que ameaçam o Parque Nacional Otuquis, em uma área próxima à Tríplice Fronteira (Bolívia-Brasil-Paraguai), região com características do Cerrado.

Capaz de transportar até 74,2 mil litros de retardante de chamas e de água, além de operar em condições restritivas para outros aviões, o 747 Supertanker chegou à Bolívia na madrugada e deve entrar em ação ainda hoje.

Ao sobrevoar parte do território do estado de Santa Cruz, ontem, as autoridades bolivianas constataram que a maior concentração de focos de incêndio está nas proximidades do Parque Nacional Otuquis, na região do Pantanal.

"Esta região está seriamente comprometida. É uma região que compreende não só território boliviano, mas também paraguaio e brasileiro", afirmou, nesta quinta-feira, o ministro da Presidência boliviana, Juan Ramón Quintana,ao destacar os esforços conjuntos que o governo nacional, de Santa Cruz e das cidades ameaçadas estão empreendendo para evitar que as chamas se propaguem. "A dimensão deste evento nos obriga a trabalhar conjuntamente. Os problemas ambientais não têm fronteiras ideológicas ou políticas e põem em risco a vida de pessoas e o patrimônio ambiental, sendo uma questão que compete a todos", disse Quintana, informando que especialistas já foram deslocados para a região a fim de proteger os animais, sobretudo as espécies ameaçadas.


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