Palácio da Justiça é sede da 18ª edição do Casamento Coletivo

Palácio da Justiça é sede da 18ª edição do Casamento Coletivo

Entre os casais, Tatiane e Rodrigo celebraram o amor depois de se conhecerem no viaduto da Conceição, quando ambos moravam na rua

Franceli Stefani

Entre os casais, Tatiane e Rodrigo celebraram o amor depois de se conhecerem no viaduto da Conceição, quando ambos moravam na rua

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Foi ao toque da marcha nupcial que 14 casais subiram as escadas rumo ao Mezanino do Palácio da Justiça, no Centro de Porto Alegre, na tarde desta quinta-feira. A 18ª edição do Casamento Coletivo, promovido pelo Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, foi feita em parceria com a Corregedoria-Geral da Justiça e com o Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais da 1ª Zona da Capital. De acordo com a assistente administrativa do memorial, Sabrina Lindemann, todo o processo – desde as inscrições até a cerimônia – tem o envolvimento dos colaboradores da instituição. “Somos nós, funcionários e estagiários, que confeccionamos os buquês das noivas, preparamos o espaço e providenciamos as fotos e filmagens. É um momento de muita emoção para os participantes”, declarou.

Entre os casais que disseram “sim” estava Tatiane Oliveira Moraes, 42 anos, e Rodrigo Fabiano Moraes, 42. Os dois, que se conheceram enquanto moravam na rua e ambos eram usuários de entorpecentes. Foi no viaduto da Conceição que começou a história que seria de vitória, conquistas e, agora, de casamento. Ele, paulista, com família goiana. Ela, gaúcha. O casal, somando o tempo de ambos, têm cerca de 30 anos de situação de rua e drogadição, entre idas e vindas. “Éramos dependentes químicos, mas fizemos tratamento, ficamos internados, e estamos reconstruindo a nossa vida”, afirmou Tatiane. Pais de seis filhos, sendo dois de 3 e 2 anos fruto da união do casal, atualmente moram na Restinga, zona Sul de Porto Alegre.

Depois do tratamento as coisas começaram a melhorar. O aluguel da casa, o contato com os familiares de Rodrigo que moram em Goiás através de rede social, o contato com os filhos e a esperança de um futuro melhor para todos. “Só temos a agradecer pela oportunidade de oficializarmos a nossa união, se não fosse esse projeto nós não teríamos condições, ainda mais que ele está desempregado”, ponderou a noiva, que sofreu um acidente e deste então é beneficiária do INSS. Segundo Rodrigo, a recolocação no mercado de trabalho está difícil. “Eu estou em busca de um emprego para dar melhores condições para a minha família. Já fui auxiliar de pizzaiolo, serviços gerais, mas aceito qualquer oportunidade.”

Feliz em ter a mãe sóbria e perto, a filha Anna Jéssica, 17 anos, disse que sonhava todos os dias em poder ter o convívio que foi tirado pelo tempo em que Tatiane morou na rua. “Era o que eu mais pedia, que ela tivesse perto de mim e dos meus irmãos. Agora estamos aqui, todos juntos. Vejo ela como, de fato, minha mãe e desejo só o melhor para os dois, que sejam muito felizes”, exclamou, enquanto era abraçada.

Quem não se inscreveu no Casamento Coletivo terá novas oportunidades em 2020. Sabrina contou que são duas edições por ano. “Abriremos o período para que os interessados nos procurem em fevereiro”, disse. São disponibilizadas 30 vagas para moradores da capital gaúcha e que não possuam condições de arcar com as despesas do casamento civil. As inscrições são presenciais, na sede do Memorial do Judiciário, no Palácio da Justiça.


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