Papa pede a jovens que sejam "protagonistas da história"

Papa pede a jovens que sejam "protagonistas da história"

Francisco convocou juventude a lutar por um mundo melhor e mais fraterno

Agência Brasil

Papa pede a jovens que sejam protagonistas da história

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A pregação do Papa Francisco na Vigilância de Oração, em Copacabana, teve como ponto central a convocação aos jovens para que assumam o papel de “protagonistas” no processo de reconstrução da Igreja e na luta por um mundo melhor e mais fraterno. “Vocês são os construtores de um mundo melhor”, disse Francisco aos milhares de jovens de vários países que se aglomeram desde cedo na Praia de Copacabana.

O pontífice destacou que tem acompanhado as notícias, em todo o mundo, de jovens que saem às ruas para pedir uma sociedade mais fraterna e mais justa. “Vocês são os jovens que têm nas mãos a tarefa de serem os protagonistas da mudança. Não permitam que outras pessoas assumam essa tarefa”, pregou Francisco aos jovens.

O Papa pediu aos jovens que perguntassem para si próprios “por onde começar” esse processo de mudança. Francisco conclamou aos presentes que não se esqueçam que “são o campo de fé, os atletas de Cristo, os construtores de uma Igreja cada vez melhor”.

Em um recado direto aos presentes na Praia da Copacabana, o Papa destacou que “nunca esses rapazes estarão sozinhos”. Ele acrescentou, na sua pregação, que, em conjunto, [os jovens] fizeram como São Francisco de Assis fez, construíram a Igreja. “Nos tornamos protagonistas da história. Não fiquem para trás jovens, sempre no ataque, na linha de frente”, conclamou o pontífice.

No sermão, Francisco destacou, ainda, que São Pedro disse que as pessoas são como “pedras vivas” no processo de construção da Igreja. Ele acrescentou que Jesus pede que, cada um, ajude no processo de edificação da Igreja. “Ide e fazei discípulos em todas as nações. Quero me tornar um construtor da Casa de Cristo. Quero que pensem nisso”, pediu o Papa.

Francisco usou o fechamento do Campus Fidei (Campo da Fé) para fazer uma comparação e dizer aos jovens que são eles o verdadeiro campo da fé, ideia que foi explorada em três dimensões: o campo como um lugar para semear, para treinar e para construir.

Ao falar de como semear, o Papa pediu que os jovens não sejam cristãos pela metade, nem cristãos de fachada: "Sei que não querem ser cristãos de fachada, cristãos que levantam o nariz e nada fazem. Sei que querem ser cristãos autênticos".

Quando mencionou o campo como local de treinamento, Francisco comparou o cristão a um jogador de futebol e disse que há três formas de treinar: a oração, o sacramento e a ajuda ao próximo. "Jesus nos oferece uma coisa maior que uma copa do mundo, oferece uma vida fecunda, uma vida feliz. E não pede que paguemos entrada. A entrada é que entejamos em forma".

Foi na hora de falar da construção que o Papa mencionou o protagonismo e os protestos, parte que encerrou lembrando Madre Teresa de Calcutá: "Uma vez perguntaram a Madre Teresa por onde deveriam começar a mudança na Igreja, e ela disse: Por mim e por você. Tinha garra essa mulher e sabia por onde começar. Comecemos por mim e por vocês. E se tenho que começar por mim, por onde começo? Cada um abra seu coração para que Jesus lhe diga", disse o Papa, que concluiu: "vocês são os construtores de uma igreja mais bela e de um mundo melhor".

Apenas as primeiras palavras e as últimas frases do discurso foram pronunciadas em português, já que a opção do Papa foi por falar em espanhol. Com muitos gestos e expressões faciais para passar sua mensagem, o pontífice pediu em alguns momentos que os jovens fechassem os olhos e, em outros, que repetissem suas palavras, que foram muito aplaudidas e comemoradas com o grito que já se tornou símbolo da JMJ: "Esta es la juventud del Papa".

Vigília reúne 3 milhões de pessoas

Famosa por reunir multidões durante a festa de Réveillon, a praia de Copacabana, na zona sul do Rio, registrou hoje o maior público de sua história: três milhões de pessoas, segundo os organizadores da Jornada. Isso significa o dobro do público recebido no Réveillon, de 1,5 milhão de pessoas, e um milhão a mais do que o público que prestigiou a edição anterior da Jornada Mundial da Juventude, na cidade espanhola de Madri.

Francisco só chegou a Copacabana às 18h40min, mas desde o início da manhã milhares de pessoas já estavam na praia à espera do pontífice. Enquanto passava por entre o público, os fiéis lançaram centenas de presentes para Francisco - cartas, bonés, muitas bandeiras (de países a times de futebol), e até volumes maiores, como livros. Uma das bandeiras chegou a encobrir a cabeça do motorista, e foi retirada pelo próprio Papa. Os seguranças tiveram dificuldade para impedir que os objetos acertassem o Papa. Formou-se uma pilha de presentes no banco traseiro.

Em vários momentos, o papamóvel parou para que Francisco beijasse bebês e crianças. Ele também fez questão de tocar uma bandeira da Argentina. Francisco começou o desfile usando um sobretudo, para se proteger da temperatura baixa. Ao longo do trajeto, porém, ele retirou o casaco e ficou apenas com a batina branca.

Durante o dia, muitos peregrinos arriscaram mergulhos na Praia de Copacabana, apesar do vento frio. O Corpo de Bombeiros chegou a fazer um apelo para que os fiéis não entrassem no mar. "O mar está revolto e vários afogamentos já aconteceram. Se continuarem a mergulhar não haverá salva vidas suficientes para dar conta dos salvamentos", disse o locutor no palco. Os bombeiros fizeram 106 salvamentos, mas não houve registro de mortes.

A grande dificuldade dos peregrinos foi com relação aos banheiros químicos, que foram instalados junto aos prédios da Praia de Copacabana. Quem estava na areia não conseguia vencer a barreira humana para atravessar da praia para o outro lado da calçada. A opção era utilizar banheiros de quiosques, que são cobrados - em alguns pontos, a fila demorava 50 minutos.

A chefe da polícia do Rio, Marta Rocha, informou que não foi registrado nenhum crime grave relacionado à Jornada. Segundo ela, o número de furtos foi alto, porém o balanço será divulgado apenas ao final da Jornada.


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