Para Simers, escolha do Mais Médicos no RS é política
Presidente Paulo de Argollo disse que governo federal beneficiou cidades da base aliada
publicidade
“A escolha não foi baseada em critérios sérios, apenas em questões políticas. A prova disso é que 25 vagas foram preenchidas em Porto Alegre, onde não tem a necessidade de interiorizar profissionais. Canoas fica ao lado da Capital e tem condições de fazer um concurso para contratar médicos. Mas preferem receber de graça do governo”, disparou Argollo. De acordo com levantamento do Simers, 76% dos médicos selecionados ao RS vão para cidades da base governista.
No RS, 346 municípios esperavam receber médicos programa, mas apenas 35 foram contemplados. Segundo Argollo, o pequeno número de adesão já era esperado. “O programa não pretende resolver o problema da saúde. Ele é eleitoreiro, demagógico, com única finalidade de desviar a atenção após a população ter ido às ruas. A popularidade da presidente Dilma (Rousseff) caiu muito nas últimas semanas, e eles precisavam mudar o debate.”
O sindicato espera que a presidente recue e que tenha “um mínimo de bom senso vai retirar o projeto”. Um dos problemas da proposta, segundo o Simers, é a baixa remuneração dos profissionais, além de não terem direitos trabalhistas.
Carreira de estado
“Nossa proposta é a criação da carreira de estado para médicos. A pessoa entraria por concurso público e começando numa cidade do interior. Com o tempo, o profissional teria o direito de retornar à Capital. Assim, seria uma forma honesta de interiorização dos médicos, sem burlar a lei trabalhista”, avaliou Argollo, acrescentando que o governo precisa aumentar o investimento na saúde de 4,4% da receita para 10%. “Com essas duas coisas, teríamos uma solução. Não precisa reinventar a roda.”
No Estado, o Simers orienta os recém-formados a não se inscreverem no Mais Médicos, pois estaria aceitando uma “a condição de trabalho semiescravo”. Segundo Argollo, “as pessoas estão vendo que é um grande engodo e não estão se inscrevendo. O melhor é procurar um emprego sério.”
Recentemente, o governo desistiu de ampliar o currículo dos cursos de Medicina de seis para oito anos, conforme previsto na Medida Provisória (MP) do Mais Médicos. Pela iniciativa, o profissional teria que atuar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) antes de ser graduado. Argollo comemorou a suspensão da ideia: “Esse é um primeiro sinal de bom senso do governo, ao reconhecer que era um projeto sem futuro. Ali, ele pretendia sequestrar o diploma dos profissionais, que seriam obrigados a trabalhar por dois anos onde e com o salário que o governo quisesse”.