Para Simers, escolha do Mais Médicos no RS é política

Para Simers, escolha do Mais Médicos no RS é política

Presidente Paulo de Argollo disse que governo federal beneficiou cidades da base aliada

Laion Espíndula / Correio do Povo

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A escolha dos municípios contemplados pelo programa Mais Médicos no Estado foi apontada como apenas “política” pelo presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo de Argollo Mendes. Na quinta-feira, o Ministério da Saúde divulgou a primeira seleção do projeto, que vai levar 1.753 médicos para 626 municípios brasileiros. Conforme o representante da categoria, o objetivo do governo federal foi o benefício aos municípios administrados pelos partidos aliados.

“A escolha não foi baseada em critérios sérios, apenas em questões políticas. A prova disso é que 25 vagas foram preenchidas em Porto Alegre, onde não tem a necessidade de interiorizar profissionais. Canoas fica ao lado da Capital e tem condições de fazer um concurso para contratar médicos. Mas preferem receber de graça do governo”, disparou Argollo. De acordo com levantamento do Simers, 76% dos médicos selecionados ao RS vão para cidades da base governista.

No RS, 346 municípios esperavam receber médicos programa, mas apenas 35 foram contemplados. Segundo Argollo, o pequeno número de adesão já era esperado. “O programa não pretende resolver o problema da saúde. Ele é eleitoreiro, demagógico, com única finalidade de desviar a atenção após a população ter ido às ruas. A popularidade da presidente Dilma (Rousseff) caiu muito nas últimas semanas, e eles precisavam mudar o debate.”

O sindicato espera que a presidente recue e que tenha “um mínimo de bom senso vai retirar o projeto”. Um dos problemas da proposta, segundo o Simers, é a baixa remuneração dos profissionais, além de não terem direitos trabalhistas.

Carreira de estado

“Nossa proposta é a criação da carreira de estado para médicos. A pessoa entraria por concurso público e começando numa cidade do interior. Com o tempo, o profissional teria o direito de retornar à Capital. Assim, seria uma forma honesta de interiorização dos médicos, sem burlar a lei trabalhista”, avaliou Argollo, acrescentando que o governo precisa aumentar o investimento na saúde de 4,4% da receita para 10%. “Com essas duas coisas, teríamos uma solução. Não precisa reinventar a roda.”

No Estado, o Simers orienta os recém-formados a não se inscreverem no Mais Médicos, pois estaria aceitando uma “a condição de trabalho semiescravo”. Segundo Argollo, “as pessoas estão vendo que é um grande engodo e não estão se inscrevendo. O melhor é procurar um emprego sério.”

Recentemente, o governo desistiu de ampliar o currículo dos cursos de Medicina de seis para oito anos, conforme previsto na Medida Provisória (MP) do Mais Médicos. Pela iniciativa, o profissional teria que atuar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) antes de ser graduado. Argollo comemorou a suspensão da ideia: “Esse é um primeiro sinal de bom senso do governo, ao reconhecer que era um projeto sem futuro. Ali, ele pretendia sequestrar o diploma dos profissionais, que seriam obrigados a trabalhar por dois anos onde e com o salário que o governo quisesse”.

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