Paralisados há um mês, servidores do Detran apoiam continuidade da greve

Paralisados há um mês, servidores do Detran apoiam continuidade da greve

Mais de R$ 555 milhões poderiam entrar anualmente aos cofres do tesouro sem gerar ônus à população, dizem trabalhadores

Cíntia Marchi

Paralisados há um mês, servidores do Detran apoiam continuidade da greve

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Os servidores do Detran, em greve há um mês, afirmam que mais de R$ 555 milhões poderiam entrar, anualmente, nos cofres do tesouro estadual em projetos estratégicos, sem causar ônus à população. São esses projetos que os grevistas pretendem apresentar aos gestores públicos, mas que até o momento não foram recebidos pelo governo.

“Vamos nos manter coesos na continuidade da greve, até porque o governo não nos recebeu nem para conhecer os nossos projetos que não causariam impacto financeiro”, critica o presidente do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindet), Maximilian da Rocha Gomes. Ontem, os servidores protestaram novamente em frente ao Palácio Piratini, no turno da manhã. À tarde, permaneceram concentrados no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).

Nos cálculos do Sindet, a economia gerada por esses projetos seria suficiente para construir e equipar 46 hospitais com 110 leitos; 505 escolas do modelo-padrão, de seis salas de aula; comprar 5,5 mil ambulâncias padrão ou pagar a folha anual de 36 mil professores. Os servidores propõem a elaboração e o desenvolvimento dos projetos pelo corpo técnico da autarquia, em duas áreas: aumento da arrecadação e economia para o RS.

Entre os projetos que aumentariam a arrecadação, o sindicato sugere que a constituição de um instrumento de cobrança judicial dos tributos, tarifas e multas relativas aos serviços de trânsito. A estimativa é que o Detran ampliaria a arrecadação em R$ 182 milhões com essa iniciativa. Entre os projetos que propõem economia para o Estado está a redução da permanência de sucatas e materiais inservíveis em depósitos, diminuindo os custos de diárias em centros de remoção e os impactos ambientais. Com isso, estima-se que seria possível poupar R$ 250 milhões ao ano.

O governo, por meio da Secretaria de Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos (Smarh), diz que a continuidade de qualquer conversação com os servidores grevistas somente ocorrerá após o retorno ao trabalho e à prestação integral dos serviços de trânsito à comunidade. Informou também que a nova sala de exames teóricos de habilitação do Detran/RS, montada no CAFF, entrou em funcionamento na quarta-feira para atender turmas que aguardavam a aplicação das provas.

Por meio de nota, o governo do Estado considera a greve “injusta e inoportuna, pois além de prejudicar a população, desconsidera a situação financeira do Estado e o quadro de recessão e desemprego do país”. Já o Detran/RS reafirma que, em atendimento ao que prevê a legislação em vigor, descontará o ponto dos grevistas pelos dias parados. Alerta aos servidores para as consequências funcionais desse ato, tendo em vista que, conforme já foi deixado claro ao Sindet, o eventual acordo de greve não contemplará abono de faltas.

“Qualquer negociação, inclusive sobre itens acordados antes do início da paralisação, só será retomada a partir do encerramento da greve e do reinício da prestação dos serviços à população gaúcha. O momento atual exige uma visão global e solidária do Estado, para além dos interesses corporativos e setoriais. O RS é um só, e ele é de todos os 11 milhões de gaúchos”, finaliza a nota.

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