Passageiros ainda questionam extinção de cobrador em Porto Alegre

Passageiros ainda questionam extinção de cobrador em Porto Alegre

Nove linhas começaram a operar sem o profissional nesta quinta-feira

Felipe Nabinger

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Mais nove linhas foram acrescentadas àquelas que circulam já sem cobrador em Porto Alegre na manhã desta quinta-feira. Agora, somadas com as linhas que iniciaram a operação desta forma na terça-feira, são 21 as linhas rodando pelas ruas de Porto Alegre onde o motorista é responsável também pela cobrança da passagem daqueles que pagam em dinheiro.

Estagiário em uma imobiliária, Victor Selbenreich, 18, precisou usar a 274.1 - Gloria/Cascatinha/Azenha e, sem saber da novidade, direcionou-se ao local onde, até ontem, ficava o cobrador. “É a primeira vez que pego esse ônibus e não sabia”, disse, após voltar até o motorista e realizar o pagamento.

A maioria dos passageiros ainda se mostra reticente à retirada do cobrador. Na linha 345 - Santa Catarina, a vendedora Natacha Cardoso, 24, notou atraso pelo fato do motorista precisar cobrar a passagem dos passageiros. “Ficou mais demorada a viagem. Pelo menos uns dez minutos”, afirmou, completando que chegaria atrasada ao local de trabalho no Centro Histórico.

A cuidadora Geni Massur, 43, enfatizou a sobrecarga do condutor. “Além do desemprego que vai gerar, torna o serviço do motorista sobrecarregado”, diz. 

Usuária de uma linha que já opera sem cobrador desde terça-feira, a 255 – Caldre Fião, a camareira Maria do Socorro Oliveira, 46, também vai nesta linha. “Ficou muito ruim. Mesmo pagando com o TRI, essa mudança atrapalha o motorista”.

Os motoristas ouvidos pela reportagem já desempenharam a função de cobrador antes de serem promovidos a motoristas. As principais queixas, por isso, não estão ligadas ao ato da cobrança da passagem, mas ao auxílio que o cobrador dava no trânsito, sinalizando troca de pista e informando que havia passageiros descendo nas paradas, por exemplo.

A Capital possui, ao todo, 271 linhas de ônibus. As 21 linhas escolhidas para circular sem cobrador apresentam número reduzido de passageiros transportados e baixo número de pagantes em dinheiro, conforme levantamento da prefeitura adotado como parâmetro de escolha.

Com aumento gradativo do número de linhas, a extinção da função de cobrador deverá ocorrer até 2025. Segundo o poder público municipal, a maioria dos profissionais deverá se aposentar. Os demais deverão ser recolocados em outras funções.

Também há previsão de oferecimento de cursos profissionalizantes por parte das empresas de ônibus para recolocação no mercado de trabalho.


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