Peça no São Pedro conscientiza jovens para a importância da doação de órgãos

Peça no São Pedro conscientiza jovens para a importância da doação de órgãos

Objetivo do projeto da Central dos Transplantes RS e Via Vida é preparar jovens em idade escolar para fortalecer a solidariedade dentro do âmbito familiar

Felipe Samuel

Apresentação no Theatro São Pedro foi do espetáculo ‘A Tartaruguinha que Perdeu o Casco’, que reforça a esperança para quem espera por um órgão

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Pedro Rafael Severo tem 9 anos. Desde fevereiro está na fila de transplante duplo de pulmão. Ele sofre desde os 10 meses de idade de bronquiolite obliterante, uma doença rara e pouco conhecida que provoca hipertensão pulmonar. Mesmo com todas as dificuldades, nesta segunda-feira ele acompanhou centenas de alunos da rede pública municipal que lotaram o auditório do Theatro São Pedro para assistir à peça “A Tartaruguinha que Perdeu o Casco”, cujo objetivo é informar e conscientizar os jovens sobre a importância da doação de órgãos. A apresentação, que faz parte do projeto Doar é Vida em parceria com a ONG Via Vida, conta a história da tartaruga que perde casco. A apresentação reforça a esperança de quem aguarda pelo gesto que pode salvar uma vida.

Na companhia da mãe Luana e do irmão Bernardo, 10, Pedro – que fez parte de 10% do público presente no teatro que necessita de transplante – chegou em uma cadeira de rodas e com aparelho portátil de oxigênio. Luana recorda que o garoto foi saudável desde o nascimento, mas que aos 10 meses contraiu pneumonia na escola. Depois de ser internado em um hospital, pegou o vírus que atingiu seus pulmões. “Isso só vai agravando, não tem cura, até chegar o ponto de precisar do transplante”, observa. Ela afirma que a única solução para salvar a vida de Pedro é o transplante. “A doença é progressiva, ou seja, piora com o tempo. Praticamente não há o que se fazer, essa doença não tem tratamento. Tudo que se usa hoje é experimental”, completa.

A mãe revela que os poucos momentos de distração do jovem são as consultas médicas e eventuais idas ao colégio. Ela revela que chega a sofrer preconceito por não levar o garoto com mais frequência à escola. “Muitos pensam que a gente não quer tirar a criança para a rua, mas não é isso. Em primeiro lugar é a segurança do paciente”, pondera. “Aqui viemos com todos os aparelhos e todas as coisas, porque é muito difícil sair com ele”, completa. Mais do que a indiferença, Luana aponta ainda as dificuldades enfrentadas por quem precisa de um órgão.

Coordenadora da Central de Transplantes do RS, Sandra Coccaro afirma que a iniciativa de trabalhar campanhas em idade escolar é importante por ajudar a formar uma consciência de solidariedade entre as crianças. “É possível a gente doar alguma coisa em vida. As crianças começam a discutir essas questões de doação dentro da própria família”, explica.

Sandra destaca que o transplante pode representar muitas vezes salvar diversas vidas. “Temos a capacidade de instituir tratamento que pode dar a vida e muitas vezes qualificar a vida de pessoas, por exemplo, que estão atreladas a uma máquina de hemodiálise para filtrar o rim porque seu rim não funciona mais. Aquelas pessoas não têm vida normal, não têm como sair, se movimentar sem depender de uma máquina. No momento que tu doa o rim, tu doa a vida. Além de tudo isso tu doa amor”, compara.

Voluntária da Via Vida, Ana Clarice Keniger faz apresentações a partir da história da tartaruga que tem final feliz e reforça a esperança de quem aguarda pelo gesto que pode salvar a uma vida. “Fizemos trabalho de pesquisa para saber se as crianças contavam em casa o que tinham aprendido. A maioria contava em casa. Uns até relatavam que familiares eram doadores”, destaca.

Produtora cultural e organizadora do projeto, Daiane Marin cita que o projeto já passou por São Paulo e Espírito Santo. O objetivo é conscientizar a população e despertar o tema da doação de órgãos.


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