Pesquisa estima 12 casos não notificados para cada diagnóstico de Covid-19 no RS

Pesquisa estima 12 casos não notificados para cada diagnóstico de Covid-19 no RS

Dados de segunda rodada do estudo apontam que 15 mil pessoas já teriam sido infectadas

Correio do Povo

Pesquisa foi realizada em nove cidades de todas as regiões do Estado

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A segunda etapa da pesquisa liderada pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) sobre o novo coronavírus no Rio Grande do Sul revela que há um infectado a cada 769 habitantes. De acordo com o estudo, para cada diagnóstico da doença, existem 12 casos não notificados – ao todo, 15 mil pessoas já estariam com Covid-19 no Estado. Os resultados, obtidos a partir de inquéritos feitos no último final de semana com 4.500 pessoas e, nove cidades de todas as regiões do território gaúcho, apontam seis testes positivos na amostragem, o que aponta uma estimativa de 0,13% da população com anticorpos.

Os números foram apresentados pelo reitor da instituição de ensino, Pedro Hallal, em conferência virtual na manhã desta quarta-feira junto com o governador Eduardo Leite. O pesquisador frisou que o teste realizado "não representa a realidade do dia da coleta de dados, mas uma realidade de algum tempo atrás porque existe uma demora de 7 a 10 dias, na maioria dos casos, entre a pessoa ter contato com vírus e desenvolver anticorpos". "Ele apresenta quase nada de falso, no máximo 1%, e tem 15% de falsos negativos, um valor bem razoável", comentou sobre a eficiência do estudo realizado. 

Nas nove cidades estudadas, houve uma análise domiciliar nos seis casos positivos (três em Porto Alegre, um em Santa Maria, um em Canoas e um em Pelotas): as pessoas com as quais moram também foram testadas. Ao todos, foram mais 12 cidadãos testados, dos quais nove também tiveram confirmação. "Isso mostra que o baixo número de positivos é realmente porque a infecção ainda está no estágio inicial no Estado e confirma a alta transmissibilidade alta do ambiente domiciliar, o que já era esperado devidos às informações que se tem de outros tipos de pesquisa", apontou o reitor.

A taxa de letalidade oficial da doença hoje é de 3,6%, mas com base nas estimativas, a real taxa seria de 0,33%. "Esse trabalho é essencial para que a gente possa acompanhar a real prevalência a doença do Estado", destacou o governador, que destacou que o Rio Grande do Sul cresce mais lentamente do que a média nacional – no País, o número de mortos oficiais já ultrapassou o total da China, onde o a pandemia surgiu.

"Quero expressar meu pesar aos brasileiros e gaúchos que perderam familiares e amigos para esse vírus. Ontem, o Brasil atingiu uma marca simbólica. É um número de mortes muito expressivo. Quero ressaltar ao povo gaúcho, pelo qual nós nos responsabilizamos, que nós vamos continuar trabalhando forte aqui para proteger a vida, proteger a saúde dos gaúchos", afirmou o chefe do Executivo estadual.

Dados científicos guiam políticas públicas

Leite destacou que as medidas anunciadas para conter a crise sanitária no Rio Grande do Sul são tomadas com base em dados científicos, que "dão a segurança das informações para que nós possamos ter as condições necessárias para o enfrentamento da pandemia". Falando sobre a pesquisa liderada pela UFPel, apontou que foi fundamental para a elaboração do "distanciamento social controlado", que será detalhado amanhã e implantado partir dos primeiros dias do mês de maio.

A secretária do Planejamento, Leany Lemos, também destacou a necessidade da ciência para a organização no combate à Covid-19. "Esse trabalho que a Federal de Pelotas coordena é essencial, tendo em vista uma dificuldade mundial que é a falta de testes. A gente fez uma opção usando a ciência da melhor forma para tomada da decisão", afirmou.  "É um estudo inovador. Saímos na frente e temos sido referência para outros estados, países e o Brasil, que já iniciou também o seu processo de elaboração de uma pesquisa a semelhante", completou.


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