Porto Alegre projeta data para atingir limites de uso de leitos de UTI para Covid-19

Porto Alegre projeta data para atingir limites de uso de leitos de UTI para Covid-19

Elevação na demanda pode fazer Capital adotar medidas ainda mais restritivas de circulação

Jessica Hübler

Secretário de Saúde diz que é preciso reforçar a necessidade do distanciamento social

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O aumento recente na demanda por novos leitos da UTI para pacientes com Covid-19 já faz a Prefeitura de Porto Alegre projetar o dia 4 de julho como a data em que todos os 174 leitos de terapia intensiva destinada a pacientes com a doença estejam ocupados. No início da noite desta terça, 137 pacientes já diagnosticados com o novo coronavírus estavam em UTI e outros 45 eram considerados suspeitos.

O secretário municipal da Saúde da Capital, Pablo Stürmer, adverte que a cidade está em uma fase de aceleração da pandemia e que, se não for contida, medidas mais duras de restrições terão de ser tomadas: “É preciso frear, antes que o sistema entre em colapso”.  

“Devemos atingir o nosso limite administrável dos leitos nas próximas semanas e medidas poderão ser adotadas nos próximos dias para que a gente consiga administrar o sistema de uma forma a não prejudicar o atendimento à população”, ressaltou.

Quando anunciou a suspensão no processo de flexibilização das liberações, no início do mês, o prefeito Nelson Marchezan projetou a data em que os leitos disponíveis para o tratamento de coronavírus estariam ocupados para o fim de junho. Agora, os dados estudados indicam o 4 de julho como este dia: “É algo bastante relevante e temos essa preocupação, foi isso que nos fez frear, primeiramente já no início de junho, quando programávamos avançar nas flexibilizações e, nas semanas subsequentes, adotamos algumas medidas para restringir atividades novamente, até que precisamos adotar as últimas restrições, mais severas, para de fato frear a circulação”, reiterou Stümer.

Ampliação de testes e maior circulação de pessoas

O aumento do número de casos, que passou de 1.196 em 29 de maio para 3.475 em 29 de junho, um crescimento de 190,55%, avançou por dois motivos, conforme Stürmer. O primeiro deles foi a maior capacidade de testagem pois, atualmente, todos os pacientes sintomáticos são testados na Capital.

O segundo motivo, segundo ele, foi o avanço da pandemia e a maior circulação de pessoas. Já sobre os óbitos, Stürmer ressaltou que se trata de um dos reflexos do aumento da doença. “Uma pequena proporção das pessoas que têm Covid-19 terá caso grave, uma parte vai evoluir para óbito, mas é importante ressaltar que não tivemos nenhum óbito por falta de assistência, os óbitos que tivemos são consequência da gravidade da doença”, enfatizou.

Todos os indicadores, que envolvem casos, óbitos, internações, procura por atendimento de pessoas com síndromes gripais, são analisados diariamente e o comportamento deles, segundo Stürmer, vai balizando a equipe da Prefeitura para a necessidade de adotar, ou não, medidas mais rígidas.

“Antes de começar a adotar as restrições, chegamos a ter 34% de distanciamento, com as novas restrições começamos a subir novamente e na segunda-feira tivemos 43,4%. Precisamos que isso chegue a pelo menos 50%, para ter um referencial semelhante aos primeiros dias da pandemia quando conseguimos frear a transmissão”, exemplificou. “O aumento dos casos é inversamente proporcional ao distanciamento social.” 

Novos leitos em meio à escalada de casos 

O secretário comentou que as primeiras das novas séries de medidas restritivas começaram, na prática, no dia 24 de junho e é preciso um período de 14 dias para avaliar o impacto total da restrição. “Mas se vermos que o ritmo segue acelerado, mesmo antes desse intervalo, podemos avançar nas restrições”, garantiu.

Apesar disso, ele ressaltou que segue “em pleno vapor” o plano de contingência da Prefeitura e que, gradualmente, têm sido instalados novos leitos, acompanhando a evolução dos casos. “Justamente para a gente ter condições de atendimento e também para não ficar com estrutura ociosa. Se tivéssemos esses leitos em abril, teríamos uma grande quantidade parada até agora. Precisamos ajustar a abertura de leitos com o avanço da pandemia”, disse. 

Ele lembrou que isso tem um limite e que, se a pandemia seguir acelerada, em algum momento vamos acabar interferindo no funcionamento de todo o sistema. “Se a metade dos pacientes em UTI forem contaminados com o novo coronavírus, teremos uma situação bastante crítica na cidade. É para isso que estamos em alerta.


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