Porto Alegre tem 36 quilômetros de faixa exclusiva para bicicleta
São menos de 10% do previsto para cidade
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A ferramenta, se plenamente implantada, faria com que o município possuísse a maior rede de faixas exclusivas para ciclistas no país, conforme estudo realizado, mudando o paradigma de partilha do espaço viário, onde predominam os veículos motorizados. Problemas que rondam a falta de recursos e projetos ligados a grandes obras, que estão paralisadas na cidade, são alguns dos motivos apontados pela gerente de Projetos e Estudos de Mobilidade da EPTC, a engenheira civil Alessandra Both, no que diz respeito ao andamento da implantação das ciclovias.
O Fundo Municipal de Apoio à Implantação do Sistema Cicloviário (FMASC) é abastecido por arrecadação de multas, contrapartidas e outras iniciativas, segundo a engenheira, e teria previsão orçamentária de cerca de R$ 5,8 milhões. “Boa parte desses recursos são direcionados para a Educação para o Trânsito, para dar segurança e motivar novos adeptos para estabelecer essa modalidade, tendo em vista, também, a questão ambiental”, afirma.
Alessandra destaca que foram escolhidos eixos estratégicos e prioritários a serem executados, os quais recebem grande número de ciclistas e apresentam risco potencialmente grande de acidentes. A Ciclovia da Restinga, com 4,6 quilômetros de extensão, está entre as prioritárias e foi entregue em 2012. A da avenida Sertório, já projetada com mais de 12 quilômetros de extensão e com problemas de espaço viário, também exige atenção, mas ainda não tem licitação para o início das obras.
Há ainda a rede da região central, instalada em uma área de grande densidade, que dá acesso às estações do sistema de bicicletas compartilhadas — o Bike Poa. Ela é composta por trecho da avenida Ipiranga, passa pelo Centro Histórico, avenida José de Alencar, atinge parte da orla do Guaíba e vai até a Praça da Encol. Esta é a que tem o maior número de ligações.
Para o membro do Conselho Gestor do FMASC, pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), André Gomide, há problemas estruturais no projeto executivo, que antecede a licitação para a implantação das ciclovias. “Eles estão vindo com falhas que não respeitam a legislação. Em alguns locais, a EPTC quer implantar ciclovias sobre as calçadas, principalmente nos cruzamentos e não escuta as ideias que são dadas, alegando que não podem fazer modificações”, comenta. Para ele, a promessa de contemplar os 50 quilômetros neste ano não deve ser alcançada, tendo em vista que já foi anunciada em outros momentos.
Via interligará a Beira-Rio com Diário de Notícias
Ainda em obras, a ciclovia da Padre Cacique é a que deve trazer benefícios mais imediatos aos usuários. Ao todo, a via exclusiva terá 880 metros de extensão, com 2,5 metros de largura, e interligará as faixas já existentes na Edvaldo Pereira Paiva e na Diário de Notícias. Com ela, a orla do Guaíba terá mais de 8 km de ambiente propício para quem utiliza a bicicleta. No trecho, além da ciclovia, também estão sendo realizadas obras para a implantação de calçada para os pedestres.