Porto Alegre tem 36 quilômetros de faixa exclusiva para bicicleta

Porto Alegre tem 36 quilômetros de faixa exclusiva para bicicleta

São menos de 10% do previsto para cidade

Jézica Bruno

Porto Alegre tem 36 km de faixa exclusiva

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Em meio à paisagem cosmopolita de uma das cidades com o ar mais poluído do país, os ciclistas de Porto Alegre desafiam a estrutura disposta nas vias para implantar uma cultura mais sustentável. As ciclovias ainda estão longe do proposto pelo Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), existente desde 2009 na capital dos gaúchos, que prevê 495 quilômetros de caminhos que deverão, necessariamente, receber ciclovias ou ciclofaixas. Até o momento, foram entregues à população 36 quilômetros e 900 metros disponíveis para uso. Foi atingido menos de 10% da meta da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que para este ano prevê chegar aos 50 quilômetros.

A ferramenta, se plenamente implantada, faria com que o município possuísse a maior rede de faixas exclusivas para ciclistas no país, conforme estudo realizado, mudando o paradigma de partilha do espaço viário, onde predominam os veículos motorizados. Problemas que rondam a falta de recursos e projetos ligados a grandes obras, que estão paralisadas na cidade, são alguns dos motivos apontados pela gerente de Projetos e Estudos de Mobilidade da EPTC, a engenheira civil Alessandra Both, no que diz respeito ao andamento da implantação das ciclovias. 

O Fundo Municipal de Apoio à Implantação do Sistema Cicloviário (FMASC) é abastecido por arrecadação de multas, contrapartidas e outras iniciativas, segundo a engenheira, e teria previsão orçamentária de cerca de R$ 5,8 milhões. “Boa parte desses recursos são direcionados para a Educação para o Trânsito, para dar segurança e motivar novos adeptos para estabelecer essa modalidade, tendo em vista, também, a questão ambiental”, afirma.

Alessandra destaca que foram escolhidos eixos estratégicos e prioritários a serem executados, os quais recebem grande número de ciclistas e apresentam risco potencialmente grande de acidentes. A Ciclovia da Restinga, com 4,6 quilômetros de extensão, está entre as prioritárias e foi entregue em 2012. A da avenida Sertório, já projetada com mais de 12 quilômetros de extensão e com problemas de espaço viário, também exige atenção, mas ainda não tem licitação para o início das obras.

Há ainda a rede da região central, instalada em uma área de grande densidade, que dá acesso às estações do sistema de bicicletas compartilhadas — o Bike Poa. Ela é composta por trecho da avenida Ipiranga, passa pelo Centro Histórico, avenida José de Alencar, atinge parte da orla do Guaíba e vai até a Praça da Encol. Esta é a que tem o maior número de ligações.

Para o membro do Conselho Gestor do FMASC, pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (Mobicidade), André Gomide, há problemas estruturais no projeto executivo, que antecede a licitação para a implantação das ciclovias. “Eles estão vindo com falhas que não respeitam a legislação. Em alguns locais, a EPTC quer implantar ciclovias sobre as calçadas, principalmente nos cruzamentos e não escuta as ideias que são dadas, alegando que não podem fazer modificações”, comenta. Para ele, a promessa de contemplar os 50 quilômetros neste ano não deve ser alcançada, tendo em vista que já foi anunciada em outros momentos.

Via interligará a Beira-Rio com Diário de Notícias

Ainda em obras, a ciclovia da Padre Cacique é a que deve trazer benefícios mais imediatos aos usuários. Ao todo, a via exclusiva terá 880 metros de extensão, com 2,5 metros de largura, e interligará as faixas já existentes na Edvaldo Pereira Paiva e na Diário de Notícias. Com ela, a orla do Guaíba terá mais de 8 km de ambiente propício para quem utiliza a bicicleta. No trecho, além da ciclovia, também estão sendo realizadas obras para a implantação de calçada para os pedestres.

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