Prédio no Centro da Capital é símbolo da luta por moradia
Edifício na rua Caldas Júnior foi ocupado quatro vezes desde 2005
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"Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito." A frase pintada em vermelho nas paredes descascadas do prédio sinalizam a bandeira de luta, assim como as correntes grossas asseguram as portas de ferro sob vigilância constante. O prédio foi construído com recursos públicos e seria destinado à moradia social, mas isso nunca aconteceu. Foi repassado à Caixa Econômica Federal para servir de escritório. Em 2005, o movimento fez a primeira ocupação. Depois de esvaziado, foi vendido e deixou de ser federal para se tornar propriedade particular. Um dos membros do crime organizado comprou e o PCC cavou um túnel para assaltar um banco. Depois disso, o movimento ocupou novamente, ainda em 2006, e foi despejado no ano seguinte, em uma grande operação policial.
Em 2011, foi realizada a terceira ocupação, em caráter de denúncia, durante a Marcha Estadual de Luta pela Reforma Urbana. No ano passado, houve a quarta ocupação. Porém, novamente as famílias enfrentam uma ordem de despejo. No entanto, nessa última ordem foi concedida a realização de uma audiência pública de conciliação, que será dia 29. A coordenadora no RS do MNLM, Ceniriani Vargas da Silva, explicou que a luta segue para que possa ser cumprida a função social da propriedade. "Trabalhamos esse imóvel como um exemplo. Em Porto Alegre, há 48,9 mil moradias desocupadas e 40 mil famílias sem ter onde morar. Por isso, lutamos pela desocupação e pela moradia popular", afirmou Ceniriani.
Os ocupantes do local têm diversas idades. Segundo Ceniriani, muitas dessas pessoas deixaram de pagar aluguel, devido ao alto valor, e aderiram à ocupação. Neste sábado, antecedendo a audiência pública, os moradores irão realizar um ato de apoio à Ocupação Saraí.