Presidente da Vale afirma que "dano humano" em Brumadinho será maior que em Mariana
Fábio Schvartsman não soube informar o motivo do rompimento, que ainda está sendo apurado
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"Dessa vez o dano ambiental será muito menor que em Mariana, mas o humano será maior", disse Schvartsman, recém-chegado de Davos, na Suíça. Dos 300 funcionários, cerca de 100 já foram localizados com vida, e os outros 200 continuam sendo procurados pelo Corpo de Bombeiros mineiro.
"Os mais afetados serão os nossos funcionários", lamentou, lembrando que a barragem fica em uma zona rural, com baixa densidade populacional.
O Complexo de Paraopeba, onde estava localizada a barragem, conta com quatro minas e uma jazida e duas usinas de beneficiamento. O Complexo produziu cerca de 7% do volume total produzido pela Vale em 2017, ou 26 milhões de toneladas de minério, segundo informações do site da empresa. Visivelmente abatido, se dizendo "arrasado" com a tragédia, o executivo informou que a barragem que se rompeu, Barragem 1, estava inativa e em processo de descomicionamento (desativação).
O ativo também tinha laudo de uma auditoria realizada no ano passado que não detectou nenhum problema que pudesse indicar a possibilidade de rompimento.
"O último relatório da auditoria foi feito em 26 de setembro de 2018", informou, referindo-se à auditoria feita pela empresa alemã Tuv Sud. A Barragem 1 tinha 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos da produção de minério de ferro, na maioria terra, segundo o executivo. Uma segunda barragem no local também teria vazado, segundo Schvartsman, mas não provocou danos como a primeira, por ter um material mais seco estocado em sua estrutura.
O executivo não soube informar o motivo do rompimento, que ainda está sendo apurado, mas disse que a Vale vai fazer de tudo para minimizar os danos causados, atendendo as vítimas e seus familiares. Segundo ele, desde Mariana a Vale adotou ações para evitar acidentes como este.
Agência de Mineração diz que Vale fez vistoria em dezembro e não achou problemas
A Agência Nacional de Mineração (ANM) declarou que a mineradora Vale vistoriou, em dezembro, estrutura da barragem de Brumadinho (MG), que rompeu nesta sexta-feira sem ter apontado qualquer tipo de falha de segurança. As informações, segundo a agência, foram declaradas pela própria Vale, por meio do Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM), que é administrado pela ANM.
"Baseada em vistoria realizada em dezembro último, por um grupo de técnicos da empresa, estes não encontraram indícios de problemas relacionados à segurança desta estrutura", disse a agência em nota. A ANM, que é responsável por fiscalizar barragens de rejeito mineral, afirmou ainda que três relatórios técnicos da Vale que garantiam a estabilidade da estrutura da barragem de Brumadinho (MG) foram apresentados ao longo do ano passado. "A concessionária apresentou em março de 2018 a primeira Declaração de Condição de Estabilidade dessa barragem. Realizou sua revisão periódica de segurança em junho de 2018, tendo apresentado a respectiva Declaração de Condição de Estabilidade, como também, apresentou em setembro de 2018, a terceira Declaração de Condição de Estabilidade, expedida por auditoria independente".
A barragem de Brumadinho que se rompeu é uma estrutura para contenção de rejeitos de minério de ferro. Está classificada como de porte médio e, segundo a agência, não apresentava pendências documentais.
Sobre sua segurança operacional, está classificada na categoria de "risco baixo", mas de "dano potencial associado alto", devido a perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos sociais e ambientais que seu rompimento pode causar. A agência declarou que encaminhou equipe técnica sediada em Belo Horizonte para o local, além de técnicos de Brasília (DF). O diretor-geral da ANM, Victor Hugo Froner Bicca, e o diretor da agência Tasso Mendonça também vão para o local na manhã deste sábado, 26, para participar das diligências.
Vale informa ter disponibilizado atendimento humanitário
A Vale informou, em nota, que criou um Comitê de Ajuda Humanitária, com equipe formada por assistentes sociais e psicólogos, para prestar assistência aos atingidos pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). A empresa também disse estar providenciando hospedagem aos atingidos e familiares. Os pontos de atendimento são: Faculdade Asa e Estação Conhecimento de Brumadinho. Nesses locais, funcionários da empresa atuarão como voluntários na prestação de serviço de acolhimento e identificação. A Vale disse que já está providenciando todos os recursos necessários (alimentos, água, medicamentos etc). A iniciativa conta com apoio do Sesi, de MG, que também fornecerá infraestrutura, como tendas e cadeiras.