Presidente do Irã projeta protagonismo do Brasil em nova ordem mundial

Presidente do Irã projeta protagonismo do Brasil em nova ordem mundial

Mahmoud Ahmadinejad destacou liderança na América Latina em entrevista durante a Rio+20

Agência Brasil

Mahmou Ahmadinejad destacou liderança na América Latina em entrevista durante a Rio+20

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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou nesta quinta-feira que o Brasil pode desempenhar um papel muito importante na construção de uma nova ordem mundial. Em entrevista concedida, no Rio de Janeiro, o líder iraniano fez várias críticas às atuais lideranças globais, controladas segundo ele pelos Estados Unidos e outras potências ocidentais, e marcada pela “injustiça”.

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“Certamente, esta conferência Rio+20 é um esforço da parte do Brasil. É claro que não é só com isso que chegaremos a esse objetivo, mas é um dos passos que temos que dar. A sociedade brasileira é dinâmica e cultural, a população procura justiça. Tem muitas personalidades corajosas que estão à procura da justiça”, enfatizou Ahmadinejad.

Segundo o presidente iraniano, o Brasil é uma liderança da América Latina que também exerce um papel mundial. Ele disse que, diante disso, pretende ampliar as relações econômicas com o país. “Um ponto importante é que nossas relações estão fora da dominação dos países poderosos”, observou.

O presidente do Irã também comentou sobre a situação da Síria, que vive um conflito civil há mais de um ano. Segundo Ahmadinejad, a situação do país deve ser resolvida pelas partes envolvidas (o governo do presidente Bashar Al Assad e os rebeldes), por meio do consenso e do diálogo. Para ele, os países não deveriam intervir enviando armas para o confronto.

“Acreditamos que a justiça e a liberdade são direitos de todos os povos. E os povos, com consenso e cooperação, têm que estabelecer a paz e a liberdade. Também queremos isso, falando com as duas partes para criar uma lógica de diálogo. Nosso problema na região é a intervenção de poderes ocidentais. Para fazer essa intervenção, estão, constantemente, fazendo as divisões dos povos, apoiando uns governos e colocando-os contra outros”, avaliou.

Ele também citou o diálogo como forma de mostrar ao mundo que o Irã quer cooperar com as negociações em torno de seu programa nuclear. Ahmadinejad, no entanto, acusou os Estados Unidos e outros países que participam das negociações de ter uma posição contra o uso da energia nuclear pelo Irã porque, segundo ele, “não querem o progresso” de seu país.

O presidente iraniano voltou a dizer que a energia atômica tem fins pacíficos e que o Irã não quer construir uma bomba. “Nós acreditamos que a energia nuclear, como outros meios energéticos, devem ser acessíveis para todas as nações, um direito de todas. Mas, infelizmente, essa energia nuclear também está monopolizada por alguns”, protestou.

Ele destacou, ainda, o fato de os países que querem impedir o desenvolvimento do programa nuclear iraniano serem os mesmos que têm bombas atômicas: os Estados Unidos, que assume seu arsenal nuclear, e Israel, que não nega ter armas nucleares. Segundo Ahmadinejad, quando o Irã era um regime monárquico, países ocidentais tinham acordos nucleares com seu país. No entanto, depois da revolução islâmica, em 1979, essas nações romperam seus contratos com os iranianos, sem ressarci-los financeiramente.


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