Projeto identifica mais de cem nascentes no Morro São Pedro
Objetivo do diagnóstico é buscar a preservação de áreas em Porto Alegre
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O Morro São Pedro é o maior remanescente de Mata Atlântica da Capital. Segundo a chefe da Equipe Agrosilvopastoril e Fauna Silvestre/Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), Soraya Ribeiro, a região na zona Sul tem rica fauna e flora, inclusive ameaçada de extinção, além de espécies de plantas nunca registradas pela ciência. Há pelo menos 900 bugios.
“A manutenção dessas áreas é importante para a qualidade e quantidade de água, regulação do clima, agricultura e conservação da biodiversidade”, observa. O Morro São Pedro, conforme a bióloga, tem corredores de fauna que fazem com que se conecte com outras áreas importantes de biodiversidade.
Na opinião dela, esse tipo de trabalho, com identificação de nascentes, será uma tendência futura devido à crise da água. “Por ser uma área natural, acredito que a maioria não estará contaminada, mas é bom saber onde elas estão e como mantê-las assim”, disse. Mesmo nas nascentes de arroios já poluídos, é importante fazer um estudo.
A empresa de consultoria terá apoio de três técnicos da Smam para o trabalho. O grupo utilizará imagens de satélites, levantamentos aerofotogramétricos e pesquisa de campo.
Com base nos dados levantados, serão direcionados projetos de recuperação dessas áreas e captados recursos de serviços ambientais. Uma sede será instalada no morro, com utilização de materiais sustentáveis.
Levantamento preliminar é de 2004
Em levantamento preliminar, realizado em 2004 pela Fundação Zoobotânica do RS, foram mapeadas cerca de 120 nascentes no Morro São Pedro. Duas contribuem para importantes cursos d’água, como os arroios do Salso e Lami. Todas deságuam no Guaíba. A identificação e avaliação dessas e de outras nascentes possibilitarão uma base para a criação de políticas públicas de preservação e manutenção de fontes e vegetação.
Vegetação ajuda a regular o clima
Dentro do Morro São Pedro está o Refúgio da Vida Silvestre São Pedro, criado em outubro de 2014 com recursos de compensação do Pisa. A área, adquirida pela prefeitura, era privada e iria abrigar um condomínio. A preservação de locais como esse é imprescindível para garantir os recursos hídricos.
Conforme a bióloga da Smam Maria Carmen Bastos, os morros com vegetação são importantes para a umidade do ar e para amenizar as trocas de temperatura. “Porto Alegre pode ter um problema climático em função dos empreendimentos da zona Sul”, observa. Ela explicou que, assim como o desmatamento da Amazônia influencia nas chuvas no Rio Grande do Sul, a eliminação de áreas verdes na Capital também afeta no clima do restante do país.
Maria Carmen explicou que o Morro São Pedro abriga áreas de campo, floresta e banhado de altitude. O espaço é composto também por duas reservas particulares: a Costa do Cerro e a Rincão das Flores.
Muitas universidades poderão pesquisar no local. Os três grupos indígenas da região serão convidados a participar de ações no refúgio.
Uma das metas e manter agricultores
Um segundo plano será realizado em uma área de 15 mil hectares, região que circunda o Morro São Pedro, na zona Sul. Os estudos serão para identificar as características socioambientais. Grande parte do entorno é ocupada por pequenos agricultores rurais e é de interesse da Smam a permanência deles. “A agricultura ajuda a preservar a umidade e a permeabilidade do solo. Entre plantação e condomínio, a plantação é muito melhor”, destacou a bióloga da Smam Maria Carmen Bastos.
O já consolidado passeio Caminhos Rurais poderá permanecer e ser incrementado com outras atividades turísticas. Depois de concluído o diagnóstico do Morro São Pedro, será possível identificar locais a serem explorados por visitantes. Um levantamento com a ajuda de antropólogos também irá auxiliar a Smam na identificação das características da região e da ocupação.
