Protesto cobra segurança a índios na zona Sul de Porto Alegre
Interesse imobiliário pressiona indígenas a deixar região no Belém Novo, segundo parlamentar
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O deputado estadual Pedro Ruas, que esteve presente, denunciou que a comunidade indígena está em uma situação de violência e de humilhação. “Eles estão em uma espécie de cárcere privado ao ar livre. Eles não podem sair e não têm acesso à cidade por terra e nem por água. E ainda houve episódio de tiros”, destacou. Em razão dessa situação, a vereadora e deputada federal eleita Fernanda Melchionna solicitou uma audiência na próxima sexta-feira com a chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor, para tratar do caso. “Existe um interesse imobiliário gravíssimo que está pressionando brutalmente os indígenas a deixarem o local”, ressaltou Ruas.
João Farias, do Observatório Indigenista, informou que 30 famílias entre crianças, adultos e idosos vivem no local. “Pesquisadores de universidades comprovaram que a área possui ligação com a ancestralidade Guarani”, explicou. Segundo ele, uma empresa do ramo imobiliário colocou uma cerca com sensor elétrico confinando os índios. “Caso, eles tentem passar na cerca o sensor é acionado e pessoas ligadas à empresa não deixam os Guaranis passarem para pegar água potável”, acrescentou.
De acordo com Farias, na madrugada de sexta-feira, pessoas deram diversos tiros na volta do acampamento e ameaçaram os índios dizendo que eles teriam que deixar a área no domingo. “Até a Justiça se pronunciar se a área é Guarani ou não, a empresa tem que retirar a cerca. É preciso respeitar o direito de ir e vir e de acessar a área pelos índios”, ressaltou.
Timóteo Karai-Mirim, liderança da comunidade Mbya Guarani, que participou do ato disse que todos estão assustados com os acontecimentos dos últimos dias. Durante a manifestação, foram recolhidos produtos não perecíveis para ajudar os indígenas. A Polícia Civil abriu um inquérito, na sexta-feira, para apurar uma ameaça de morte com ataques a tiros contra o grupo indígena.