Protesto cobra segurança a índios na zona Sul de Porto Alegre

Protesto cobra segurança a índios na zona Sul de Porto Alegre

Interesse imobiliário pressiona indígenas a deixar região no Belém Novo, segundo parlamentar

Cláudio Isaías

Manifestação na zona Sul reuniu cerca de 100 pessoas neste domingo

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Protesto em favor da comunidade indígena Mbya-Guarani que vive em uma área da Fazenda do Arado Velho, no bairro Belém Novo, na zona Sul de Porto Alegre, foi realizado na tarde deste domingo, na Praça Antônio Inácio da Silva, no bairro Belém Novo. Mais de 100 pessoas participaram da manifestação.

O deputado estadual Pedro Ruas, que esteve presente, denunciou que a comunidade indígena está em uma situação de violência e de humilhação. “Eles estão em uma espécie de cárcere privado ao ar livre. Eles não podem sair e não têm acesso à cidade por terra e nem por água. E ainda houve episódio de tiros”, destacou. Em razão dessa situação, a vereadora e deputada federal eleita Fernanda Melchionna solicitou uma audiência na próxima sexta-feira com a chefe de Polícia, delegada Nadine Anflor, para tratar do caso. “Existe um interesse imobiliário gravíssimo que está pressionando brutalmente os indígenas a deixarem o local”, ressaltou Ruas.

João Farias, do Observatório Indigenista, informou que 30 famílias entre crianças, adultos e idosos vivem no local. “Pesquisadores de universidades comprovaram que a área possui ligação com a ancestralidade Guarani”, explicou. Segundo ele, uma empresa do ramo imobiliário colocou uma cerca com sensor elétrico confinando os índios. “Caso, eles tentem passar na cerca o sensor é acionado e pessoas ligadas à empresa não deixam os Guaranis passarem para pegar água potável”, acrescentou.

De acordo com Farias, na madrugada de sexta-feira, pessoas deram diversos tiros na volta do acampamento e ameaçaram os índios dizendo que eles teriam que deixar a área no domingo. “Até a Justiça se pronunciar se a área é Guarani ou não, a empresa tem que retirar a cerca. É preciso respeitar o direito de ir e vir e de acessar a área pelos índios”, ressaltou.

Timóteo Karai-Mirim, liderança da comunidade Mbya Guarani, que participou do ato disse que todos estão assustados com os acontecimentos dos últimos dias. Durante a manifestação, foram recolhidos produtos não perecíveis para ajudar os indígenas. A Polícia Civil abriu um inquérito, na sexta-feira, para apurar uma ameaça de morte com ataques a tiros contra o grupo indígena.

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