Quase um quarto das mulheres de Porto Alegre foi vítima de violência emocional em 2021

Quase um quarto das mulheres de Porto Alegre foi vítima de violência emocional em 2021

Dado alarmante foi trazido por pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC) em evento do TJRS

Felipe Faleiro

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Os números da violência doméstica seguem alarmantes no Rio Grande do Sul, e igualmente em Porto Alegre. Na Capital, o número de mulheres vítimas de violência emocional oscilou de 18% no ano de 2019, antes da pandemia de Covid-19, para 14,2% em 2020 e 23,3% em 2021. Aquelas que passaram por algum episódio de violência física moderada caíram de 8% em 2019 para 3,45% em 2020 e 2021, e violência física severa, também houve uma queda de 7,1% em 2019 para 1,59% nos anos de 2020 e 2021.

Os dados inéditos foram trazidos nesta segunda-feira por José Raimundo Carvalho, coordenador da Pesquisa sobre Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDF Mulher) da Universidade Federal do Ceará (UFC), na abertura da 21ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, no Palácio da Justiça, em Porto Alegre. O evento é promovido pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEVID) do Tribunal de Justiça gaúcho (TJRS), em conjunto com outros órgãos, tanto na Capital, quanto no interior.

“Se isto está refletido nos boletins de ocorrência ou no sistema de saúde pública, provavelmente não. Porque no Brasil inteiro, ficou mais difícil registrar um B.O.”, afirmou Carvalho, destacando que afirmou que 1,2 mil mulheres estão sendo acompanhadas no RS desde 2019. “Ninguém no Brasil tem esta base de dados que estuda e acompanha as mulheres gaúchas”, disse. A violência física moderada, disse o professor, é “até onde chega ao limite de puxar o cabelo da mulher”, diferentemente da severa, quando há “ameaça ou uso de facas e arma de fogo”.

Embora alguns índices tenham registrado queda, é preciso ter atenção com os dados, pontuou. “Temos que ter calma com eles. Minha opinião é que houve aumento, mas não estou dizendo que não houve violência. Ainda estamos analisando estas causas”, disse. A Semana em si busca debater a violência contra a mulher, trazer à consciência da sociedade a importância dos relatos das vítimas e de romper com os ciclos violentos.

A presidente do TJRS, desembargadora Iris Helena Martins Nogueira, destacou o papel do tribunal neste combate à violência doméstica, salientando que “enquanto houver uma mulher sendo agredida, todas nós estamos sendo”. “É motivo de muita satisfação para nós promover esta abertura. Vários eventos acontecem em todas as comarcas do Estado, buscando sempre esta conscientização, para que tenhamos sempre a população atenta a que seja minimizado o número de crimes desta natureza. Durante a pandemia, muitas pessoas estavam recolhidas em casa, em situação complicada, e houve estes desarranjos familiares”, afirmou.

A titular do 1ª Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Porto Alegre, juíza Madgéli Frantz Machado, salientou que a Semana da Justiça pela Paz busca justamente aproximar ainda mais o Poder Judiciário da sociedade. “Também buscamos abrir espaços para a discussão e reflexão sobre esta temática da violência contra a mulher, que igualmente é uma pandemia, considerando os altíssimos números no mundo e no Brasil. Somente vamos eliminar a violência se começarmos a atuar muito na prevenção”, pontuou. Pelo Rio Grande do Sul, estão sendo desenvolvidas ações como rodas de conversa, outras palestras, audiências, exposições e bazares alusivos à campanha.


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