Redução de passageiros prejudica trabalho de motoristas de aplicativo e taxistas

Redução de passageiros prejudica trabalho de motoristas de aplicativo e taxistas

Alguns motoristas seguem trabalhando, mas com o isolamento social em Porto Alegre, o movimento diminuiu bastante

Jessica Hübler

Segundo Moraes, o movimento dos aplicativos de transporte vêm caindo desde o começo de março, quando os primeiros decretos começaram a ser publicados

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Com a diminuição da circulação das pessoas nas ruas também houve redução no número de passageiros dos diversos serviços de transporte. Eles vêm sendo prejudicados pelo menos no último mês. A determinação do fechamento de diversos estabelecimentos comerciais e das instituições de ensino, por exemplo, acaba influenciando na diminuição da circulação de pessoas nas ruas e, consequentemente, nos serviços de transporte individual de passageiros e nos táxis.

Para os motoristas de aplicativo, de acordo com o presidente da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos do Rio Grande do Sul (Alma-RS), Joe Moraes, a situação está complicada. “Nossas dificuldades são muitas, nesse momento alguns motoristas ainda estão trabalhando, mas desde o começo de toda a repercussão da pandemia, nós já começamos a sentir”, afirmou.

Segundo Moraes, o movimento dos aplicativos de transporte vêm caindo desde o começo de março, quando os primeiros decretos começaram a ser publicados. “Justamente num momento em que as viagens começaram a aumentar, devido ao retorno das aulas, fim das férias, de repente, de forma abrupta, começaram a diminuir as corridas em consequência dos decretos, dos pedidos para o pessoal ficar em casa, começamos a sentir ainda mais”.

Diante do quadro que estava se instalando e a falta de dinheiro, conforme Moraes, muitos motoristas precisaram devolver os veículos que eram alugados. “Pelo menos 80% dos motoristas que tinham carros locados, devolveram, por não terem condições de pagar. As locadoras fizeram promoções, mas não foi o suficiente”, disse. Com relação à demanda por viagens diárias, Moraes detalhou que a diminuição tem sido de 85% a 90%. “Motoristas que conseguiam fazer cerca de R$ 300 por dia, têm feito R$ 50, o que não paga nem o combustível muitas vezes”, exemplificou.

Por conta de todas as dificuldades, a Alma-RS começou, na semana passada, uma campanha para recolher cestas básicas e alimentos não perecíveis, material de limpeza e higiene pessoal, para doar aos motoristas mais necessitados. “Estamos recolhendo as doações, guardamos na nossa sede, estamos fazendo uma listagem com os motoristas que estão passando por maiores dificuldades, eles nos procuram, estamos fazendo uma listagem e a medida que vai entrando, vamos doando”, declarou. Quem quiser doar, pode entrar em contato através do telefone (51) 98595-4065.

Taxistas também enfrentam dificuldades

Conforme o diretor administrativo do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Adão Ferreira, uma alternativa encontrada pela entidade para enfrentar o que chamou de “momento difícil”, foi disponibilizar o aplicativo do Sintáxi para que as pessoas não precisem pegar dinheiro e possam efetuar o pagamento pelo cartão no sistema da plataforma. “É bem interessante nossa ferramenta, estamos disponibilizando em conjunto com a Prefeitura”, disse.

Mesmo com o aplicativo, ele diz que houve uma redução significativa no número de passageiros. “As pessoas não estão circulando normalmente, na realidade estão se protegendo contra esse vírus, então tivemos uma redução grande, de pelo menos 70%”, disse. Como muitas pessoas deixaram de circular nas ruas, de acordo com Adão, a maioria dos taxistas acaba não trabalhando. “Eles dependem de pegar passageiro na rua, se não tem ninguém, não adianta sair, pelo menos 50% dos taxistas não está trabalhando”, disse.

Do ano passado para cá, conforme Adão, o taxista vinha recuperando o espaço suavemente. “Estamos vindo de uma situação com perdas, estávamos reconquistando o que tínhamos perdido, agora virando o ano, achamos que voltaríamos a ter uma atividade mais lucrativa e deu esse problema do novo coronavírus, então novamente estamos sofrendo o baque”, definiu. Muitos trabalhadores, segundo ele, estão sem condições financeiras para alimentar a família.

“Como nós somos autônomos, não temos de onde tirar o dinheiro, se não trabalhar, não ganha. Ou fica em casa, tentando não pegar o vírus e de repente termina morrendo de fome, é uma situação muito delicada”, lamentou.


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