Relatório da CGU confirma erro na execução de ponte do Guaíba

Relatório da CGU confirma erro na execução de ponte do Guaíba

Foram também relatados atrasos e um reajuste de mais R$ 150 milhões no valor do empreendimento, que incluiu a remoção de famílias

Felipe Uhr

Segundo CGU, elevação do trecho está abaixo do que previa projeto original

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Realizado entre 2020 e 2021, o relatório de auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), a respeito da execução e supervisão das obras da segunda ponte do Guaíba, apontou atraso, erros na execução e um reajuste de mais R$ 150 milhões no valor total do empreendimento, que incluiu a remoção de famílias que viviam no local. Segundo a CGU, o documento foi necessário já que a obra está listada como investimento prioritário no Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 do Ministério da Infraestrutura.
 
Conforme a CGU, o erro de execução da ponte se deu sobre o Canal Furado Grande, mesmo após a Ecoplan Engenharia informar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS), em 2019, que o trecho de 200 metros estava 44 centímetros abaixo do previsto no projeto original. Naquele ano o assunto veio à tona e a altura da ponte colocada em xeque. Na época, o órgão alegou que não identificou nenhuma falha que pudesse vir a acarretar prejuízos à funcionalidade ou à segurança da ponte. Novos estudos foram realizados o que fez que a obra fosse paralisada por seis meses. Depois disso, a obra seguiu sem alteração. 
 
No documento, a CGU lista uma sucessão de eventos informados pelo Dnit, à equipe de auditoria, sobre o que foi discutido em torno da cota de implantação do trecho da ponte do Guaíba. A CGU fez quatro recomendações para o Dnit a respeito da obra. A primeira é que estabeleça um plano de ação para a conclusão do empreendimento em sua integralidade. O segundo pede uma avaliação de quais foram as falhas ocorridas quanto à observância de seus normativos e que adote medidas corretivas (revisão de normativos, orientações técnicas, etc.) e implemente mecanismos adicionais de controle que visem evitar a reincidência deste tipo de falha. O terceiro pede que seja instaurado procedimento específico visando, de acordo com os fatos relatados, adotar medidas de responsabilização pelo ocorrido, especificamente em relação à empresa supervisora, que não acusou o problema em tempo hábil para a sua correção, previamente à execução do trecho. A última é a que seja definido um plano de desmobilização ou redução dos serviços de supervisão técnica do empreendimento, de tal modo que o residual de execução das obras seja acompanhado por uma equipe de supervisão. 
 
Conforme a superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit/RS), a obra está 97% concluída, faltando finalizar quatro alças de acesso. Prevista inicialmente para ser concluída em 2017, a entrega da obra atrasou várias vezes, além de ter recebido diversos aditivos, o que elevou o valor da construção. Conforme os apontamentos da CGU, os valores iniciais dos dois contratos estavam orçados em R$ 704,71 milhões e, considerados os reajustamentos concedidos, a importância já alcançava R$ 859,61 milhões em dezembro de 2021. 
Em resposta ao  Correio do Povo, o Dnit informou que respondeu as recomedações e agora "aguarda manifestação da CGU quanto ao cumprimento das recomendações solicitadas."

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