Retomada das aulas frustra transporte coletivo, que opera com 45% da capacidade em Porto Alegre

Retomada das aulas frustra transporte coletivo, que opera com 45% da capacidade em Porto Alegre

Setor enfrenta dificuldades por conta da diminuição de passageiros

Felipe Samuel

Movimento ainda segue abaixo do esperado

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A retomada das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas nesta segunda-feira frustrou um setor que há meses enfrenta dificuldades por conta da diminuição de passageiros: do transporte coletivo. Mesmo com o reinício das atividades escolares, o movimento ainda segue abaixo do esperado, conforme a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP-POA). Embora com evolução gradual, o número de passageiros que utilizam transporte coletivo oscila entre 350 mil a 360 mil por dia, o que representa menos da metade dos 800 mil registrados em março.

Com prejuízos estimados em quase R$ 70 milhões até agosto, o setor vai receber até janeiro, em cinco parcelas, aporte total de R$ 39,4 milhões correspondentes à diferença de custeio decorrente dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. A primeira parcela de R$ 7,7 milhões foi quitada em setembro. De acordo com o engenheiro de Transporte da ATP, Antônio Augusto Lovatto, os recursos ajudam a socorrer o transporte coletivo, que chegou a operar com 25% da capacidade em abril. "A demanda está subindo gradativamente ao longo dos meses e atualmente operamos com 45% da capacidade normal", justifica.

A esperança por dias melhores, em curto prazo, se esvaiu diante do movimento fraco registrado no reinício das aulas. "Aguardávamos com expectativa o retorno das atividades escolares e esperávamos uma retomada mais rápida, que não vem acontecendo", observa. Lovatto explica que outros segmentos, como o comércio, apresentaram demanda superior ao setor de ensino, mas ainda assim abaixo do previsto. "Muita gente teve contrato de trabalho suspenso ou jornada reduzida", pontua, acrescentando que até o final do ano a demanda por transporte coletivo não deve passar de 60% da capacidade total.

Um acordo entre prefeitura e consórcios privados de ônibus Via Leste, MOB, Mais e Viva Sul para manter as linhas operando determina ainda que se o custo das empresas for superior à receita das empresas, o município vai cobrir a diferença com a Carris, que vai realizar as viagens. "Por enquanto, observamos recuperação muito tímida. Esperamos que comércio e indústria 'acelerem' nos próximos meses para conseguirmos voltar de forma mais rápida, mas a solução mesmo só com a vacina para retomar as atividades normalmente", assinala. A ATP projeta que apenas em março o transporte coletivo deve operar próximo da normalidade, com 80% da sua capacidade.


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