Revitalização da praça da Alfândega causa transtornos a engraxates

Revitalização da praça da Alfândega causa transtornos a engraxates

Trabalhadores enfrentam dificuldades para exercer atividade devido à obra na Capital

Wagner Machado / Correio do Povo

Cadeiras concretadas impedem troca de local

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Sob a sombra dos jacarandás da praça da Alfândega, no Centro de Porto Alegre, Paulo Lopes da Silva, de 68 anos, já perdeu as contas de quantos sapatos engraxou, após mais de duas décadas na profissão. No entanto, há três dias, em razão da revitalização do local, ele enfrenta dificuldades para trabalhar. Entre o barulho das britadeiras e parte do piso removido, a área onde Silva e outros quatro engraxates atuam está parcialmente interditada, e o grupo não foi remanejado para outra parte da
praça.

“É um absurdo, trabalho há tanto tempo aqui e agora fiquei invisível. A prefeitura não quis nos realocar e, como as cadeiras são concretadas, ficamos sem conseguir atender os clientes”, disse Silva. Na mesma situação, Vera Regina Pereira da Silva, de 47 anos, também se sentiu prejudicada pelas obras na praça da Alfândega.

Segundo ela, a revitalização deve ser feita sem prejudicar ninguém. Mas, ao invés de realocar o grupo, o governo teria optado por mantê-los no mesmo local. “Por dia, eu atendia 20 pessoas, mas, agora, se vier um para eu engraxar é lucro. Ninguém quer engraxar por causa da confusão.

Esse valor não dá nem para a passagem de ônibus e no final do mês as contas chegarão”, afirmou Vera, ao lembrar que possui alvará da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) para realizar a atividade e, por isso, deseja ser respeitada.

Conforme a arquiteta Dóris Saraiva de Oliveira, do Projeto Monumenta de Porto Alegre, responsável pela revitalização, antes de iniciar a obra todo o cronograma foi tratado com os trabalhadores da praça da Alfândega. Neste momento, segundo Dóris, estão sendo colocadas as pedras portuguesas e o meio fio justamente onde os engraxates trabalham, e este seria o ônus da
construção.

“Não iremos parar o que está sendo feito. A empresa responsável pela revitalização disponibilizará um novo local para esse grupo, conforme acordado previamente. Quanto ao barulho das britadeiras e as faixas trancando parte da área, isto faz parte do que foi acordado com a Smic”, argumentou.

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