Rio Grande do Sul abriga mais de 10 mil haitianos e quase 4 mil senegaleses

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Seminário Estadual de Mobilidade Urbana discutiu a violência contra migrantes

Claudio Isaías

Seminário Estadual de Mobilidade Urbana discutiu a violência contra migrantes

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Nos últimos meses, a violência contra os migrantes aumentou no Rio Grande do Sul. Foram realizadas prisões em Torres, no Litoral Norte, por comercialização de produtos na rua, em Novo Hamburgo, por orientação da prefeitura, os migrantes não podem atuar na área central da cidade. Eles estão inclusive impedidos de se comunicar na língua original. Os estrangeiros sofreram agressões em Esteio, São Borja, Santiago e Caxias do Sul. Os relatos foram apresentados pelo presidente do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana, Elton Bozzetto, durante a realização do 6º Seminário Estadual de Mobilidade Urbana, realizado no Memorial Legislativo, no Centro de Porto Alegre.

Segundo Bozzetto, existe um contexto no Estado que está conspirando contra a presença dos migrantes. “Queremos a superação da violência e do racismo contra os migrantes. O nosso objetivo é criar uma consciência de acolhimento adequado aos migrantes no Rio Grande do Sul”, destacou. Além disso, Bozzetto disse que o Fórum quer atuar com os órgãos públicos para garantir o acesso dos estrangeiros aos seus direitos.

O advogado Adriano Pistorello, do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana do Rio Grande do Sul, fez um depoimento de um ataque a um senegalês por um grupo de taxistas. Ele sofreu golpes de facão e quase teve a mão decepada. O motivo do ataque foi pelo fato do rapaz senegalês não ter concordado com o valor cobrado pela corrida de táxi. Segundo Departamento de Migração da Polícia Federal, no Brasil existem 2.097.00 imigrantes. Deste total, 108.861 estão no Rio Grande do Sul - a maioria dos países latino-americanos, seguido por imigrantes europeus e em menor número da África, Caribe e Ásia. Os imigrantes haitianos no Brasil somam 88.929 pessoas. No Rio Grande do Sul, são 11.473 e 2.203 em Porto Alegre. No Estado, os senegaleses totalizam 3.900 pessoas e 1.200 em Porto Alegre.

Conforme Bozzetto, no começo de 2012 a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho era de mais de 95% com atuação em frigoríficos, construção civil, setor metalúrgico, moveleiro, postos de combustíveis (frentistas), ambulantes e serviços gerais - casas, hospitais, limpeza urbana e restaurantes e hotéis. De acordo com o Fórum Permanente de Mobilidade Urbana, cerca de 85% encontraram trabalho em regiões do interior do Estado onde o crescimento econômico era expressivo como as regiões do Vale do Taquari, do Sinos, região da Serra gaúcha e Planalto.

Segundo Bozzetto, os imigrantes sofrem por parte da população local ataques com gestos ou palavras xenofóbicas, expressões racistas, discriminações e acusações de que são usurpadores de postos de trabalho dos brasileiros. Além disso, conforme Bozzetto, existe uma falta de interesse dos serviços públicos de inúmeros municípios em realizar o cadastro único do SUS que possibilitaria o atendimento na área da saúde.

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