Rodoviários protestam contra proposta oferecida pelos empresários

Rodoviários protestam contra proposta oferecida pelos empresários

Manifestação provocou transtornos no trânsito na manhã desta sexta-feira

Mauren Xavier

Protesto ocorreu na manhã desta sexta-feira

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 Apesar de um racha entre os rodoviários de Porto Alegre, começou na madrugada desta sexta-feira a realização de um plebiscito entre os trabalhadores para definir o desfecho envolvendo a negociação salarial sobre o dissídio salarial da categoria. Convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (StetPoa), a consulta ocorreu por meio de votação diretamente nas garagens das empresas de ônibus.

Porém, a situação não foi totalmente pacífica. Um grupo de rodoviários decidiu protestar contra a decisão, que anularia a posição de uma assembleia realizada nessa semana que rejeitou a proposta apresentada pelas empresas. Concentrados no terminal Princesa Isabel, na avenida João Pessoa, o grupo de cerca de 40 pessoas realizou uma caminhada até a sede do Sindicato, na rua Venâncio Aires, no bairro Cidade Baixa. Ao longo do trajeto, eles carregaram cartazes se posicionando contra a proposta da patronal. O percurso, acompanhado por agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação, ocorreu no corredor de ônibus. Mesmo assim, acabou provocando transtornos ao trânsito.



Segundo o funcionário da empresa Trevo, Adailson Rodrigues, que ajudou na organização da caminhada, o Sindicato deveria aceitar a decisão da Assembleia, que seria soberana, e não fazer um plebiscito. Ele questionou ainda a garantia das votações, uma vez que, poderia haver irregularidades e pressão. “Estranhamente o StetPoa está defendendo a proposta da empresa. Não podemos aceitar”, disse ele.

O vice-presidente do StetPoa, Sandro Abbade, explicou que o plebiscito foi a maneira encontrada para garantir a maior participação dos rodoviários. Ele explicou que seria inviável reunir os quase 10 mil trabalhadores para discutir o assunto. “Assim, as votações ocorrem nos locais de trabalho e com as garantias previstas”, enfatizou.

Essa decisão, ressaltou Abbade, determinará os rumos do Sindicato em relação a negociação do dissídio, que tem como data base 1º de fevereiro. O plebiscito foi realizado de acordo com o horário de funcionamento das garagens. A expectativa é que ainda na madrugada deste sábado seja conhecido o resultado da votação. Um dos motivos que gera divergência entre os rodoviários e as empresas se refere ao pagamento do plano de saúde e o índice de reajuste salarial.

A cláusula do dissídio dos rodoviários de Porto Alegre envolvendo o convênio médico passa, entre outras coisas, pela participação dos trabalhadores em relação ao custo total. Hoje o convênio médico disponibilizado para os rodoviários tem 87% de seu custo subsidiado pelas empresas operadoras do transporte público. De fevereiro de 2016 a janeiro de 2017, o convênio custou R$ 1,377 milhão por mês aos cofres das empresas, em contrapartida os trabalhadores arcaram com R$ 206 mil.

Conforme o assessor jurídico do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (SEOPA), Alceu Machado, na última reunião com os representantes dos trabalhadores, as empresas propuseram que a participação passasse de R$ 30 para R$ 50. Esse valor engloba também a família do trabalhador, que em média possui quatro pessoas.

Machado lembra que a maior parte do custo do convênio é de responsabilidade das operadoras do transporte público na Capital gaúcha, porém a proposta prevê um aumento na participação dos trabalhadores, pois os valores pagos atualmente são insustentáveis. O subsídio pago pelas empresas também sofrerá aumento.

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