Rodoviários temem retirada de cobradores do transporte de Porto Alegre

Rodoviários temem retirada de cobradores do transporte de Porto Alegre

Categoria também se preocupa com a operação de linha por parte da Carris

Jessica Hübler

EPTC informou que não há nenhuma decisão no sentido de retirar o cobrador do ônibus

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Apesar de os rodoviários estarem evitando mobilizações para resguardar a saúde dos trabalhadores, por conta do aumento dos casos da Covid-19 na cidade, o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre, Sandro Abbade, enfatizou que algumas questões preocupam a categoria.  

Segundo Abbade, os rodoviários se preocupam com o fato de a Carris ter assumido algumas linhas, a possibilidade de retirada dos cobradores e a suspensão do pagamento em dinheiro nos ônibus. “Cada tabela que é entregue à Carris, são duas duplas que sobram, dois motoristas e dois cobradores, e eles estão sendo demitidos”, alertou.

A Companhia Carris Porto-Alegrense assumiu no dia 6 de julho, por tempo indeterminado, a operação integral das linhas 7052 – Aeroporto Ceasa, B09 – Aeroporto Iguatemi, 282 – Cruzeiro do Sul, 2821 – Pereira Passos, 473 – Jardim Carvalho, 255 – Caldre Fião e 361 – Cefer. A empresa informou que não haverá alteração nos itinerários e horários.

Sobre a possibilidade de retirada do cobrador do ônibus, Abbade declarou que a categoria “está esperando para ver o que vai acontecer”. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que não há nenhuma decisão no sentido de retirar o cobrador do ônibus ou da suspensão do pagamento da tarifa em dinheiro.

Tranquilidade

Mesmo com essas questões, a situação dos rodoviários na Capital parece estar se encaminhando para uma tranquilidade, conforme entendimento de Abbade. 

Apesar de lamentar pela redução de linhas e o desemprego dos colegas, Abbade afirmou que o parcelamento de salários parece estar sendo regularizado, sendo mantido somente em uma das empresas e que, todos os trabalhadores demitidos, foram pagos corretamente.

“Todos eles foram devidamente indenizados, estamos tentando acabar totalmente com os parcelamentos, mas a prorrogação da medida provisória nos tranquilizou um pouco”, disse. 

Pós-pandemia

De acordo com Abbade, a categoria que antes da pandemia era de oito mil rodoviários, hoje já contabiliza pelo menos 1.083 baixas. Uma das empresas demitiu 130 e, as outras, estão efetuando demissões pontuais. “Nenhum foi por justa causa, já estão recebendo o dinheiro”, destacou.

O advogado do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), Alceu Machado, disse que os trabalhadores devem estar entendendo que "não é conversa de empresário". "Eles estão vendo que as empresas estão com enormes dificuldades", assinalou. 

De acordo com Machado as empresas estão "se virando do jeito que dá". Mesmo assim, o advogado declarou que o transporte coletivo não volta ao normal esse ano."Se retirar o pagamento em dinheiro, eu realmente não sei o que vai ser", comentou. 

Mesmo com as dificuldades financeiras, Machado enfatizou que as empresas estão priorizando os salários, mas quando a redução salarial terminar, conforme foi autorizado pela Medida Provisória 936 do governo federal que foi prorrogada, ele disse não saber o que vai acontecer. "Não vão conseguir pagar o salário integral, o que veio segurando até agora foi isso", pontuou. 

A questão da operação de linhas por parte da Carris, Machado disse que isso não significa necessariamente que todos os trabalhadores das respectivas linhas sejam demitidos. "Mas uma coisa é certa, o transporte coletivo não deve voltar ao tamanho que era antes", garantiu.


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