Rolante volta a ter problemas com acúmulo de chuva

Rolante volta a ter problemas com acúmulo de chuva

Município, que ainda se recupera de temporais em janeiro, voltou a ter problemas

Jessica Hübler

Rolante voltou a ter problemas de alagamentos com acúmulo de chuva

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O município de Rolante, no Vale do Paranhana, ainda se recupera do temporal que atingiu a região em janeiro deste ano e, quatro meses após o episódio, volta a ter problemas com o acúmulo de chuva dos últimos dias. Em algumas ruas que ficaram alagadas, foi registrado acúmulo de 60cm de água sobre as vias.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil da cidade e comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários, Leandro Gottschalk, o fenômeno é diferente, mas também leva prejuízos aos moradores. Os rios Areia e Rolante acabaram transbordando com a grande quantidade de chuva, fazendo com que alguns bairros do município ficassem completamente embaixo d'água. "Estamos monitorando os rios para controlar as cheias", afirmou Gottschalk.

O nível do rio Areia chegou a subir cerca de cinco metros. Segundo Gottschalk, desde o início da tarde o telefone na sede do Corpo dos Bombeiros não parou de tocar. "Os moradores ainda estão muito apavorados com o temporal de janeiro. Estamos trabalhando para tranquilizá-los", afirmou. Ele ressaltou que a enchente registrada no município na tarde desta sexta-feira é recorrente. "Todo ano acontece a mesma coisa, nossa cidade está na beira dos rios, sempre é assim", declarou.

De acordo com o prefeito de Rolante, Ademir Gomes Gonçalves, a prefeitura ainda aguarda recursos para finalizar a limpeza do rio Rolante, que ficou muito poluído com a lama e os destroços que foram levados no temporal de janeiro. "Já instalamos as duas estações de monitoramento, que trabalham no sentido de verificar se há riscos de novos deslizamentos", relatou.

O temporal do início do ano, que traumatizou os moradores da região, teve um saldo positivo conforme o prefeito: a união entre as pessoas. "Depois do temporal todos se uniram, fizemos mutirão para limpar a cidade e ajudar as famílias mais atingidas", contou.

O prefeito informou que, das centenas de famílias atingidas, apenas quatro ainda não retornaram para as residências, pois as reformas ainda não foram finalizadas, mas já estão sendo encaminhadas.

O aposentado Alceu da Rosa, 60, mora há 35 anos em Rolante e, toda vez que chove muito, precisa tirar a água - que chega a dois palmos acima do joelho - de dentro da garagem com baldes. "É sempre a mesma coisa, já estou acostumado", explicou.

Os bairros Contestado e Grassmann foram os mais atingidos com a enchente desta tarde, pois estão localizados às margens dos rios Rolante e Areia, respectivamente. O construtor civil Alexandre Pereira, 31, reside há 23 anos no Grassmann e disse que o acúmulo de água nas ruas do bairro ocorre "sempre que chove". "Difícil mesmo foi em janeiro. Meu filho tinha só dois meses e perdemos todo o quarto dele. Tive muito prejuízo, mas consegui recuperar graças aos amigos", destacou.

Pereira saiu de casa com galocha e capa de chuva no traumático 5 de janeiro para ajudar quem mais precisava. "Minha casa alagou, mas não ficou destruída. Fui ajudar aqueles que realmente estavam precisando", reforçou.

O proprietário do Sítio do Tiaguinho, Tiago Schneider, 32, reside na beira do rio Areia há 10 anos. O gramado do sítio ficou completamente alagado com a cheia do rio. "Todo ano isso acontece. Quando vejo que está chovendo, coloco os cachorros pra dentro de casa e tiro o carro da garagem", explicou.

Após uma década morando ao lado do rio, Schneider já sabe o que precisa fazer quando chove. "Recolho tudo e fico dentro de casa comendo pinhão", detalhou. O barranco que divide o terreno e o rio tem cerca de três metros de altura, mas não é o suficiente para segurar a água. "O problema é que a força do rio derruba minha cerca, agora tenho que esperar baixar para arrumar mais uma vez", disse.

No final da tarde, o nível do rio Areia estava baixando e o rio Rolante permanecia estável, mas conforme o coordenador da Defesa Civil, Leandro Gottschalk, o Corpo de Bombeiros Voluntários deve seguir monitorando ambos durante a madrugada. "Se for preciso, vamos retirar as pessoas das residências antes que a água chegue", afirmou. Gottschalk explicou que, em 5 de janeiro, ocorreu "um caso isolado". Segundo ele, historicamente, foi o maior fenômeno natural que atingiu o município.

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