RS chega a 500 óbitos por Covid-19 três meses após primeira morte

RS chega a 500 óbitos por Covid-19 três meses após primeira morte

Para especialistas, liberações feitas até aqui não deram certo no Estado

Jessica Hübler

Primeira vítima fatal do novo coronavírus em território gaúcho foi uma mulher de 91 anos

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Três meses se passaram desde o registro da primeira morte pela Covid-19 no Rio Grande do Sul e, nesta quarta-feira, o Estado atingiu a marca de 500 óbitos, uma média superior a cinco mortes por dia por conta da doença. Nas últimas 24 horas, ocorreu o registro de 23 mortes no Estado. A primeira vítima fatal do novo coronavírus em território gaúcho, foi uma mulher, de 91 anos, que faleceu no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. 

O número de óbitos até o momento, conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fernando Spilki, infelizmente está dentro do esperado. “Se olhamos para a curva em ascensão como estamos tendo, lamentavelmente os números estão dentro do que poderíamos esperar desde o momento que começa o aumento da pandemia a partir da primeira e da segunda semana de maio. Ali tínhamos um número bem menor, mas como a tendência é termos uma progressão de ordem decimal, a cada mês temos notado isso no Brasil, mas agora começamos a perceber isso aqui no Estado também, infelizmente”, afirmou. 

Conforme Spilki, também é preciso levar em consideração que estamos contando com um sistema de saúde ainda em condições de prestar assistência aos pacientes e, assim, evitando um número ainda maior de mortes. “Isso é fundamental, sem dúvidas. No caso de um colapso, é possível que o número de óbitos seja ainda mais expressivo”, reforçou. De março pra cá, segundo ele, houve uma alteração significativa na adesão da população ao distanciamento social: “Talvez tenhamos conseguido no início e isso ajudou a achatar um pouco a curva, mas depois tivemos liberação e as pessoas foram deixando isso de lado, foi o que acabou nos levando a esse quadro. Essa epidemia local é muito extensa se comparada com outros locais do mundo”, assinalou.

“Infelizmente não tem dado certo fazer qualquer liberação”

Em diversos países, de acordo com Spilki, os protocolos adotados demonstraram um fechamento praticamente total, o mais rápido possível, e que levasse em torno de duas a três semanas, de um bloqueio efetivo de todas as atividades. “Quando se viu estabilização, foram acompanhando os casos nesse período e quando era possível observar um processo mais estável da transmissão, foram abrindo algumas atividades, e quando a curva efetivamente entrou em declínio, começaram uma abertura mais ampla”, exemplificou. 

Isso fez com que a maioria dos países, conforme ele, conseguisse retornar ao nível de atividades o mais próximo do normal em um periodo de 45 a 60 dias. “Agora aqui estamos com 90 dias da primeira morte e a situação só aumenta, as pessoas que eram defensoras do distanciamento já estão cansadas da situação, mas enquanto não temos uma taxa de transmissão que demonstre que o número de casos novos está reduzindo, infelizmente não tem dado certo fazer qualquer liberação, já temos essa evidência, talvez por isso estejam começando os movimentos contrários”, destacou. Além da retomada das restrições, Spilki enfatizou que agora também é importante monitorar se a população vai aderir ao distanciamento novamente.

 

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