RS tem quase 3 milhões de gaúchos sem a dose de reforço contra a Covid-19

RS tem quase 3 milhões de gaúchos sem a dose de reforço contra a Covid-19

Em Porto Alegre, prefeitura inicia aplicação da quarta dose contra a Covid-19 a idosos acima de 70 anos vacinados até 5 de janeiro

Felipe Samuel

Brasil ultrapassou as 190 mil mortes por Covid-19

publicidade

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a comunidade científica desenvolveu vacinas contra a doença e definiu a necessidade da aplicação de dose de reforço contra a Covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que a dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de 4 meses após completar o plano inicial da vacinação, mas não é o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. 

Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), 2.936.996 de gaúchos estão com a dose de reforço atrasada, o que representa aumento de 400 mil pessoas em relação fevereiro, quando havia 2,5 milhões com dose atrasada. Diante disso, especialistas alertam que o cenário é preocupante no Estado. A coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Ivana Varela, explica que o vírus continua circulando, apesar de o Brasil ter declarado o fim da Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN).

"Isso é bem preocupante, porque a Covid-19 teve um impacto muito grande nas hospitalizações. E com a proximidade do inverno, as pessoas tendem a se aglomerar mais", destaca. Ivana alerta que as flexibilizações das medidas, mesmo em um cenário epidemiológico favorável, exigem cuidados da população. "Se sabe que a proteção da vacina vai se reduzindo ao longo do tempo. Por isso a importância de fazer essa dose de reforço, porque as pessoas que tiveram a dose de reforço tiveram uma proteção maior. É importante que as pessoas que ainda não completaram seu esquema vacinal completem seu esquema e ainda façam a dose de reforço", frisa.

Ela ressalta que a população mais vulnerável, como gestantes, 'que têm uma evolução mais desfavorável', idosos acima de 60 anos e pessoas com comorbidades, pode desenvolver quadros mais graves da doença. A epidemiologista afirma que houve elevação de novos casos confirmados da doença na última semana. "Estamos observando um aumento dos casos novos na semana epidemiológica 16 em relação a semana 15. Esse aumento é em torno de 15% dos casos novos, porém os óbitos ainda continuam diminuindo", destaca.

O infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, recomenda que as pessoas de grupos de risco mantenham seu esquema vacinal atualizado. "Estudos mostram que, à medida que o tempo passa, depois da última dose a proteção do vírus começa a diminuir, os anticorpos começam a diminuir e a pessoa fica mais vulnerável à doença. Por tudo isso, é importantíssimo que neste momento, principalmente, as pessoas mantenham o calendário vacinal atualizado contra a Covid-19", reforça.

Conforme o infectologista, aqueles que são mais vulneráveis às formas graves da Covid-19 devem ter cuidados redobrados, ou seja, não podem esquecer a vacina e eventualmente têm que usar máscara e ter algum tipo de cuidado em alguns ambientes de maior risco. O infectologista alerta que a menor proteção favorece desfechos mais graves da doença conforme a variante do vírus ou se a pessoa é ou não de grupo de risco. "Se nós não cuidarmos agora daqui seis meses ou mais a gente pode estar enfrentando uma nova onda, com um aumento de casos e óbitos", alerta.  

Na avaliação de Paulo Ernesto, a pandemia 'talvez esteja encerrando' a sua fase para se tornar uma endemia, ou seja, quando a doença está mais controlada, tem impacto menor e a população vai conviver com a circulação do vírus em níveis inferiores. "Essa previsão a gente só vai ter certeza realmente do que vai acontecer com o passar dos próximos três a seis meses", observa. E talvez a gente vai precisar de um ano, dois, pra realmente garantir que não vá ter um retorno da doença, numa forma de maior circulação do vírus e maior impacto nas pessoas", projeta. 

Ele reforça que a pandemia só foi controlada através da vacinação. "Todas as orientações dos órgãos sanitários nacionais e internacionais continuam orientando as doses de reforço, salvo algumas exceções pontuais que não indicam mais a taxa de reforço, mas a grande maioria ainda continua indicando", sustenta.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895