São Paulo decreta fase emergencial para frear alta de Covid-19

São Paulo decreta fase emergencial para frear alta de Covid-19

Estado terá toque de recolher, restrição ao comércio e suspensão das aulas a partir de 15 de março

R7

Estado terá toque de recolher, restrição ao comércio e suspensão das aulas a partir de 15 de março

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O governo de São Paulo anunciou, nesta quinta-feira, a fase emergencial do plano de flexibilização econômica que determina o funcionamento de estabelecimentos durante a pandemia do coronavírus. Com restrições ainda mais duras, o governo paulista tenta frear a alta de casos de Covid-19 que atinge o estado e todo o país. 

Chamada de fase emergencial, a etapa proíbe a realização da atividades esportivas coletivas e cultos e estabelece uma série de restrições para o comércio entre os dias 15 e 30 de março. As igrejas poderão abrir para que as pessoas entrem e orem, mas não poderão celebrar cultos. 

A secretaria de Educação vai antecipar os recessos escolares de abril e outubro para o período de 15 a 28 de março. Assim, os alunos não terão atividades escolares obrigatórias a desenvolver e devem permanecer em casa.

De acordo com o Centro de Contingência do Coronavírus, as medidas de restrição têm como objetivo aumentar as taxas de isolamento para mais de 50%. "Foi apresentado um estudo no qual quatro regiões de pessoas podem parar de circular", diz. "As medidas aumentam as restrições de 14 atividades colocando 4 milhões de pessoas em restrição."

Haverá, segundo o órgão, restrição em lojas de material de construção, celebração de atividades religiosas coletivas, atividades esportivas coletivas. Além disso, o teletrabalho passa a ser obrigatório nos setores em que não seja essencial. O centro determinou a suspensão de entrega de alimentos no estabelecimento comercial, somente drive thru.

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, Paulo Menezes, afirmou que as medidas restritivas não têm como objetivo cercear a vida da população. "Buscamos proteger a vida das pessoas e o isolamento social nos mostra isso", diz Paulo Menezes. "Apesar de já estarmos na fase vermelha, a situação continua piorando e nós precisamos aumentar o isolamento."

Na fase emergencial, o toque de recolher continua valendo no intervalo das 20h às 5h. Além disso, fica proibido o uso de praias e parques, haverá completa proibição de qualquer aglomeração e continua obrigatório o uso de máscara em todos os ambientes.

O centro paulista recomendou ainda o escalonamento do horário de entrada no trabalho para evitar aglomerações no transporte público. No intervalo das 5h às 7h, fica recomendada a entrada de trabalhadores da indústria, das 7h às 9h, profissionais de serviços e das 9h às 11h, trabalhadores do comércio.

Em relação à educação, o secretário estadual da pasta, Rossieli Soares, afirmou que as escolas estaduais ficarão abertas somente para atividades essenciais. "A recomendação para que todas as atividades na escola sejam reduzidas ao mínimo necessário para diminuir a circulação de pessoas", diz. Além disso, os recessos de abril e outubro serão antecipaldos para o período de 15 a 28 de março, sem prejuízo do calendário escolar. 

O coordenador executivo, João Gabbardo, afirmou que o governo de São Paulo assumiu todas as medidas recomendadas pelo Centro de Contingência do Coronavírus, "mesmo aquelas consideras antipáticas e que podem causar desgaste na imagem política do governo."

Momento mais crítico

"Nosso estado enfrenta a maior crise sanitária de todos os tempos, mesmo a gripe espanhola não acometeu tantas pessoas como agora. Vários hospitais já estão comprometidos, estamos, portanto, no limite. 53 municípios estão com 100% de ocupação. Na segunda-feira, eram 32 muncípios. Estamos com 87,6% da taxa de ocupação no estado e na Grande São Paulo 86,7% de ocupação em leitos de UTI", disse Jean Gorinchteyn, secretário estadual de saúde. 

São, de acordo com o secretário, 9.184 pacientes internados com Covid-19, número 47% maior do que no pico da primeira onda. Em média, 150 novas admissões nas UTIs a cada dia. "Por mais que estejamos aumentando o número de leitos e aumentaremos nos próximos dias, não é tão célere quanto é a pandemia em nosso estado. Precisamos da ajuda de todos. O que está acontecendo hoje é uma pandemia diferente com, especialmente, idosos. Hoje, em muitas UTIs, 50% da ocupação é composta por pessoas com menos de 50 anos. Mais jovens estão sendo comprometidos.

"Chegamos ao momento mais crítico da pandemia. Essa nova cepa do vírus é muito agressiva", afirma o governador João Doria (PSDB), em vídeo divulgado em suas redes sociais. "É a única forma, repito, é a única forma", afirmou. "Estamos fazendo o que está ao nosso alcance para cuidar e salvar a vida de 46 milhões de brasileiros que vivem em São Paulo. Estamos tentando equilibrar essa equação da economia com a saúde. Mas temos que entrar numa nova etapa do plano São Paulo. Ela é mais restritiva, eu reconheço."

Todo o estado já estava classificado na etapa vermelha, até então, mais restritiva. No entanto, com o recorde diário de novos casos de Covid-19, o governo paulista decidiu adotar medidas mais rígidas. A previsão inicial era de que a fase vermelha se estendesse até o dia 19 de março.

"Temos de tentar numa nova etapa. Não é fácil tomar essa decisão, uma decisão impopular, difícil, dura. Nenhum governante gosta de parar atividades econômicas do seu estado. Eu principalmente”, admite Doria. “Mas só há duas alternativas neste momento: a vacina e o distanciamento. Vou honrar o cargo que ocupo e fazer o que for preciso para parar esta segunda onda".

Até a última quarta-feira, o estado de Sâo Paulo contabilizou 62.570 óbitos e 2.149.561 de infecções pelo novo coronavírus. Entre os diagnosticados com Covid-19, 1.908.853 se recuperaram, sendo que 212.691 foram internadas e tiveram alta hospitalar.

Os dados oficiais mostram ainda que 3.617.776 doses de vacinas contra a Covid-19 já foram aplicadas em solo paulista até esta quinta-feira. Desse total, 2.633.908 tomaram só a primeira dose e 983.868 receberam as duas doses.


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