Síndicos relatam aumento na produção de lixo em residências de Porto Alegre

Síndicos relatam aumento na produção de lixo em residências de Porto Alegre

Maior presença de moradores em suas casas reflete diretamente na quantidade de lixo produzido nas residências

Felipe Samuel

Estudo aponta aumento de até 25% de resíduos sólidos

publicidade

A pandemia do novo coronavírus alterou as relações sociais e provocou mudanças significativas na vida profissional da maioria da população da Capital. Com redução do transporte público, fechamento de escolas e necessidade de isolamento social a determinados grupos de risco, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa. Desde março, a presença de moradores durante o dia - e consequente aumento do consumo de comidas - reflete diretamente na quantidade de lixo produzido nas residências.

Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) aponta que poderá haver aumento de até 25% na quantidade gerada de resíduos sólidos domiciliares. Por conta das medidas de quarentena, síndicos profissionais observam aumento da produção de lixos em prédios residenciais. Em abril, com a permanência da maior parte dos moradores em seus apartamentos, houve maior geração de resíduos nos domicílios, obrigando os gestores a reavaliarem o sistema de coleta de lixo nos prédios.

Sócio de uma empresa responsável por 50 condomínios residenciais e comerciais na Capital, Antônio Carlos Oliveira garante que o volume de lixo produzido nas residências subiu em torno de 60%. Em um dos condomínios que administra, que tem 26 apartamentos e está localizado no bairro Bela Vista, Oliveira revela que foi necessário mudar a escala de trabalho dos funcionários responsáveis pela retirada do lixo no prédio e reforçar a equipe nesses dias. "Aumentou o staff da coleta de lixo. Tem condomínios com plantão no fim de semana, pois chegava na segunda-feira e as lixeiras estavam transbordando", observa. Com isso, funcionários que executavam a coleta de lixo na sexta-feira passaram a exercer a tarefa no sábado.

Em função do novo coronavírus, Oliveira explica que precisou reforçar as medidas preventivas juntos aos funcionários e modificar protocolos no manuseio do lixo. "Aumentou fluxo de lixo, com as pessoas ficando mais em casa e comprando mais no supermercado", observa. O descarte de resíduos também refletiu nos contêineres dos condomínios. "Usamos alguns protocolos de esvaziamento com mais brevidade", acrescenta. Segundo Oliveira, o lixo orgânico é descartado em período menor do que o do lixo seco, que pode ficar mais tempo armazenado.

Há cinco anos, Silvio Pankowski administra um prédio com 32 apartamentos, no bairro Boa Vista. Ele concorda com Oliveira e garante que a presença dos moradores dentro de casa resultou na ampliação da geração de lixo no prédio. Pankowski observa que antes da pandemia, a coleta era realizada a cada dois dias. Mas agora tem dias que é preciso acondicionar e deixar em sacos reservados para o dia da coleta. "Realmente aumentou a quantidade de lixo, porque o pessoal está quase todo em casa, trabalhando, e as crianças não estão na escola. Aumentou geração de resíduos em geral, orgânico e seco, cerca de 60%", avalia.

Ele destaca que o novo coronavírus refletiu na coleta do lixo, exigindo manuseio mais cuidadoso para acondicionar lixo orgânico. "Botamos em sacos maiores bem fechados em contêineres adequados", destaca. Além disso, desde 17 de março álcool em gel e uso de máscaras de proteção foram incorporados ao dia a dia de moradores e funcionários. "Para coleta do lixo eles vão protegidos com máscara com visor de acrílico", frisa.

Estudo aponta aumento de até 25% de resíduos sólidos

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), poderá haver aumento de até 25% na quantidade gerada de resíduos sólidos domiciliares em função da elevação do número de pedidos de tele-entrega. A Abrelpe elaborou documento inédito de boas práticas para assegurar uma adequada gestão dos resíduos sólidos durante o período de emergência sanitária decorrente da pandemia de Covid-19.

Com foco em empresas do setor e outros públicos de interesse, como municípios, departamentos de limpeza urbana e órgãos de regulação, o conteúdo segue orientações internacionais de boas práticas, aliado à combinação de ações conforme os padrões e protocolos já existentes e em uso. O documento apresenta recomendações a trabalhadores, como afastamento das atividades os empregados dos grupos de risco (idosos, doenças crônicas, grávidas e lactantes), entre outros.

E também há orientações à população: uma direcionada a pessoas que testaram positivo para Covid-19 ou está em quarentena obrigatória e sem confirmação para doença. Nesses casos, a Abrelpe orienta que pessoas confirmadas para o novo coronavírus ou que estão em quarenta (sintomas ou suspeita) devem parar de separar o lixo doméstico para coleta seletiva. Por outro lado, para pessoas sem confirmação para Covid-19 ou que não estão de quarentena obrigatória a recomendação é que continue fazendo a separação dos materiais para coleta seletiva.

Questionada sobre os dados da coleta de lixo na Capital, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) informa por meio de nota que o 'foco das equipes, neste momento, está na análise dos contratos'. "Já solicitamos este levantamento e assim que tivermos novidades vamos informar a população", finaliza.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895