Sabesp admite rodízio com 5 dias sem água por semana em São Paulo

Sabesp admite rodízio com 5 dias sem água por semana em São Paulo

Objetivo é evitar o colapso do Sistema Cantareira, que pode ocorrer em setembro

AE

Objetivo é evitar o colapso do Sistema Cantareira, que pode ocorrer em setembro

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A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) admitiu nesta terça-feira que pode adotar um rodízio "muito drástico" na região metropolitana e a população pode ficar dois dias com água e cinco dias sem. O objetivo seria evitar o colapso do Sistema Cantareira, que pode ocorrer em setembro, segundo simulação feita pelo jornal O Estado de S. Paulo. Nesta terça-feira, o manancial estava com 5,1%.

"Se não chover, se for necessário, e se a Agência Nacional das Águas (ANA) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo), órgãos reguladores, chegarem a conclusão de que a Sabesp tem de tirar muito menos do que está retirando, a solução no limite seria um rodízio muito drástico", disse o diretor metropolitano da empresa, Paulo Massato, durante o anúncio da ampliação de 500 litros por segundo na vazão do Córrego Guaratuba para o Sistema Alto Tietê, em Suzano, na Grande São Paulo. "Se tivermos de retirar somente 10, 12 metros cúbicos (mil litros) por segundo, teríamos de adotar um rodízio de dois dias com água e cinco dias sem água, ou equivalente a isso", completou Massato.

Neste mês, a Sabesp tem retirado 14,7 mil litros por segundodo Cantareira e produzido 18 mil litros por segundo para abastecer cerca 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Há duas semanas, o presidente da empresa, Jerson Kelman, disse que a meta é reduzir para 13 mil litros captados. Segundo ele, isso seria possível, principalmente, com a ampliação da redução da pressão da água na rede, que tem começado às 13 horas e durado até 18 horas. Mas o volume que tem entrado no Cantareira em janeiro é de apenas 7,9 mil litros por segundo, ou seja, quase metade do que a Sabesp tem retirado, sem contar os 2 mil litros por segundo que têm sido liberados para abastecer cerca de 5 milhões depessoas nas regiões de Campinas e Piracicaba. Neste ritmo, o volume disponível para captação no sistema se esgotará em março e uma terceira cota de 41 bilhões de litros do volume morto, em maio.

Massato declarou ainda que a Sabesp está ampliando o período de redução de pressão na rede. "Isso atinge toda a região metropolitana." No mesmo evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que a válvula redutora de pressão da Sabesp existe há pelo menos 15 anos. "O mundo inteiro tem, para evitar perdas. Mas o período de redução da pressão era mínimo", afirmou. Conforme Massato, "nunca foi necessário" informar a população anteriormente sobre a redução.

População já sofre

O administrador de empresas Diogo Siqueira, de 36 anos, mora na Praça da República, na região central, e já ficou dois dias sem água, há cerca de um mês. "Tive de tomar banho de água mineral (usando um galão de 20 litros), o que é inadmissível." Siqueira é gerente de uma papelaria em Perdizes, na zona oeste. Lá, todos os dias a partir das 13h a água da torneira vira um fio fraco. "Estou trazendo água de casa para beber. Meus funcionários fazem o mesmo."

Comerciantes também pretendem intensificar o uso da água mineral para continuar trabalhando. Maria Aparecida Mariano, de 50 anos, dona de uma lanchonete do Largo do Arouche, na região central, já adaptou a máquina de café expresso para continuar servindo a bebida. "Sai muito café aqui, principalmente depois do almoço, justamente na hora que a água fica fraca. Como falta água da rua na cafeteira, comecei a comprar os galões no supermercado", disse.

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