Salões de beleza ainda amargam movimento baixo em Porto Alegre

Salões de beleza ainda amargam movimento baixo em Porto Alegre

Estabelecimentos estão realizando cerca de 30% dos atendimentos que faziam antes da pandemia

Jessica Hübler

Retomada do movimento e do faturamento nos salões de beleza e barbearias ainda está lenta

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A retomada do movimento e consequentemente do faturamento nos salões de beleza e barbearias de Porto Alegre ainda está lenta. De acordo com o presidente em exercício do Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares no Estado do Rio Grande do Sul (Sinca RS), Maurício Tolentino Garcia, agora as portas estão abertas, mas a movimentação não está da forma que os proprietários imaginavam. “A procura ainda está baixa, na primeira semana até vimos um certo movimento, mas agora caiu de novo. Em média os estabelecimentos estão realizando cerca de 30% dos atendimentos que faziam antes da pandemia”, comenta.

Na Capital, de acordo com o decreto 20.676, o funcionamento dos salões de beleza e barbearias deve ser realizado com equipes reduzidas e com restrição ao número de clientes simultâneos. A lotação nas salas de espera ou de recepção não poderá exceder a 30% (trinta por cento) da capacidade máxima prevista no alvará de funcionamento ou de proteção de prevenção contra incêndio, observada a distância mínima de quatro metros entre os clientes e as demais regras de higienização no que couber.

Conforme Garcia, pelo menos 20% dos estabelecimentos gaúchos, incluindo salões de beleza, barbearias, estéticas, e outros, acabaram encerrando as atividades por conta dos prejuízos causados pela pandemia. “Acompanhamos isso também por grupos em aplicativos de mensagem e todos os dias recebemos pelo menos um colega que teve que fechar e isso é muito triste”, desabafa.

Ponto Fraco

O “ponto fraco” do setor, segundo ele, é o custo do aluguel. “Não gastamos tanto com mercadoria, o principal é o serviço, a mão de obra, então nossos gastos acabam ficando concentrados no aluguel. E a maioria que fechou, foi por não ter conseguido pagar ou negociar”, declara.

O Sinca RS elaborou, ainda em março, um ofício para que os profissionais da área pudessem entregar aos proprietários dos imóveis alugados. “Fizemos isso para ajudar, destacando que seria bom negociar um desconto, porque a pandemia derrubou o movimento e também o fechamento por tanto tempo prejudicou o faturamento. Muitos conseguiram descontos de até 50% no valor dos aluguéis, o que ajudou muito pois, sem isso,  o número de empresas fechadas seria ainda maior”, declara.

Curso online 

Para auxiliar no aumento da procura por parte dos clientes e capacitar os profissionais do setor, o Sinca RS também está promovendo um curso online reunindo os principais protocolos de saúde. “No final do curso o profissional ganha um certificado e pode colocar no estabelecimento, até para dar mais confiança para o cliente, mostrando que ele está preparado para agir com todos os cuidados necessários”, reforça Garcia.

Conforme ele, a expectativa da entidade é que o movimento comece a aumentar em setembro, quando as temperaturas começarem a aumentar. “Até dezembro, quando teremos natal e ano novo, esperamos que todos os estabelecimentos consigam recuperar 100% dos atendimentos”, pontua.

O empresário Joel da Silva, proprietário do salão de beleza Joel Hair Design, no Centro de Porto Alegre, certifica que o movimento realmente caiu consideravelmente, mas que aos poucos está sendo retomado. Por enquanto, segundo ele, a média de atendimentos equivale a 40% do fluxo pré-pandemia. “O prejuízo foi bem grande nesse fechamento, o nosso faturamento ficou praticamente zerado nesse último mês, mas agora está voltando ao normal e aos poucos vamos tentando equilibrar as contas”, afirma.

Segundo ele, a abertura do comércio também deve favorecer o aumento do movimento nos salões de beleza. “Acho que a parte mais crítica já passou, que foi o fechamento, agora com a movimentação do comércio isso também vai ajudar”, ressalta. Proprietário de salão de beleza há 23 anos, Joel conta que não tinha vivenciado nenhuma crise parecida.

“Mas agora esperamos que tudo fique mais tranquilo”, reitera, lembrando que no Joel Hair Design eles estão tomando todos os cuidados que envolvem a etiqueta respiratória, o uso de máscara, o distanciamento entre os clientes e o espaço maior entre os atendimentos. “Estamos seguindo todos os protocolos, até para que as autoridades percebam que o nosso setor não oferece riscos aumentados de contágio”, assinala.


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