Santa Casa de Porto Alegre adere campanha e suspende por um dia atendimentos eletivos pelo SUS

Santa Casa de Porto Alegre adere campanha e suspende por um dia atendimentos eletivos pelo SUS

Instituição cobra equilíbrio econômico no sistema

Felipe Nabinger

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Defendendo a alocação imediata de recursos para o equilíbrio econômico, a criação de alternativas de financiamento para o Sistema Único de Saúde (SUS) junto a Santas Casas e hospitais filantrópicos e a valorização destas instituições, a Santa Casa de Porto Alegre aderiu à campanha Chega de Silêncio, lançada pela Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB). A instituição suspendeu os atendimentos eletivos pelo SUS nesta terça-feira, mantendo apenas urgências, emergências e cirurgias.

Segundo a entidade, 1,2 mil consultas estavam marcadas no somatório de todos os hospitais que compõem a Santa Casa na Capital. Esses atendimentos foram remarcados para datas próximas às originais ao longo das duas semanas que precederam a paralisação. Além disso, foi realizado um ato contando com profissionais de saúde e autoridades em frente ao Hospital da Criança Santo Antônio. 

“A campanha é vital para o SUS e partas as instituições filantrópicas. Esse ato visa estabelecer um processo de envolvimento da sociedade na defesa do seu sistema de saúde. O silêncio que mantemos intramuros por muito tempo não levará a uma solução alvissareira para todos. É o incio de uma caminhada compartilhada com todos”, frisa o diretor-geral da Santa Casa de Porto Alegre, Júlio Dornelles de Matos.

No país, mais da metade dos atendimentos médicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ficam a cargo das 1.824 Santas Casas e hospitais filantrópicos. Em algumas especialidades, esse número sobre para 70%. No entanto, a cada ano, segundo as entidades, há um déficit superior a R$ 10 bilhões na assistência que prestam ao SUS.

Em 2021, a Santa Casa de Porto Alegre teve um déficit de R$ 155 milhões. Para cobrir o prejuízo, a entidade utilizou recursos oriundos de consultas, exames e procedimentos de convênios e particulares, estacionamento, bistrôs, além de empréstimos bancários que acarretam o pagamento de juros e a diminuição da capacidade de investimentos em melhorias dos serviços. Nos últimos seis anos, 315 hospitais já fecharam às portas no país e o temor que mais venham a deixar de atender. “O risco é muito grande e já está acontecendo com alguns hospitais aqui mesmo, em Porto Alegre”, alerta Matos.

A vice-presidente da Federação das Santas Casas do RS, Vanderli de Barros, parabenizou os profissionais de saúde pela mobilização e alertou para a necessidade da valorização salarial de médicos, enfermeiros e demais profissionais da área. “O SUS está sendo suportado pelo trabalho voluntário. Está na Constituição que a saúde é direito de todos e um dever do Estado”, disse. “

Assistimos durante a pandemia a maturidade do SUS. Precisamos que essa consolidação se reafirme cada vez mais. Precisamos olhar para novos modelos, modernizar e ampliar o sistema”, defendeu o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta.

“Esse déficit estrutural do SUS vem de duas ou três décadas. Precisamos fazer com que haja sustentação e equilíbrio financeiro”, defendeu o deputado Ernani Polo (PP), que representou a Assembleia Legislativa no ato. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nacional, Cláudio Lamachia, enfatizou que a luta por um sistema público de qualidade é de todos. “O SUS é nosso, é patrimônio da sociedade brasileira. A sociedade brasileira tem que incorporar essa luta e nossa ideologia tem que ser a da defesa da saúde”, clamou.

Ao final do ato, foi assinado pelas autoridades um documento com as demandas tratadas que será encaminhado para as autoridades dentro de duas semanas, endereçado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, aos presidentes da Câmara e do Senado e aos parlamentares da bancada federal gaúcha.

Além dos já citados, assinaram o documento no ato o provedor Alfredo Guilherme Englert, o vice-provedor Vilson Darós, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Carlos Sparta, o presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (FEESSERS), Milton Kempfer, e o ex-deputado federal Ronaldo Santini. De forma virtual, o documento está disponível apara assinatura da comunidade em geral, podendo ser acessado no site da Santa Casa.


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