Seguros não cobrem estragos por vandalismo em Porto Alegre

Seguros não cobrem estragos por vandalismo em Porto Alegre

Danos em lojas comerciais e carros particulares devem ser pagos pelos proprietários

Karina Reif / Correio do Povo

Portas de lojas, prédios e bancos foram pichadas durante manifestação na Capital

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A maior parte dos milhões de reais em prejuízo dos estabelecimentos comerciais, condomínios e de veículos particulares danificados, incendiados ou depredados após os atos de vandalismo das últimas semanas, deve sair dos bolsos dos empresários e proprietários. Apesar de muitos terem seguro, as apólices não cobrem saques e danos causados durante manifestações. “Tecnicamente não há cobertura para vandalismo e crime. Normalmente este tipo de procedimento é negado e o mercado de seguradoras não pode se responsabilizar”, afirmou o diretor-presidente do Sindicato das Seguradoras no Rio Grande do Sul (Sindseg), Julio Cesar Rosa.

O saque, segundo ele, é algo programado, não eventual, por isso não é pago pelas seguradoras. “As coberturas normais são incêndio, vendaval e roubo, mas em acidentes normais, não em vandalismo e em crimes provocados”, esclareceu. “Estão se aproveitando da oportunidade para saquear. Na hora da emoção e do prejuízo latente existe a vontade de socorro”, disse.

Conforme o diretor do Sindseg, os lojistas são vítimas e, por isso, o sindicato estuda, até mesmo, a criação de uma comissão, abrindo espaço para o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) e entidades representativas de corretores para prestar esclarecimentos. “Existe a possibilidade de levar ao governo algumas medidas e a nossa preocupação técnica”, afirmou.

A terça-feira foi um dia de limpeza pelas ruas da Capital. Diversas lojas que amanheceram pichadas fecharam as portas para calcular os estragos. O principal alvo dos vândalos foram agências bancárias e lojas no bairro Cidade Baixa - em especial, as situadas na rua João Alfredo - e no Centro, em importantes ruas e avenidas do eixo, como Borges de Medeiros, Salgado Filho e Andradas.

Vidraças foram quebradas e estabelecimentos comerciais foram invadidos e saqueados. Diversos empresários utilizaram tapumes de madeiras para evitar atos de vandalismo em suas propriedades, mas os objetos não impediram a ação dos criminosos.

Uma rede de farmácias teve uma unidade depredada e furtada no Centro, além de uma pichada e uma terceira atingida na semana passada. Os donos têm seguro, mas o mesmo não cobre os danos. Portanto, o prejuízo será levantado e os empresários terão que pagar do próprio bolso os consertos. Uma loja da Claro, na avenida Otávio Rocha com a rua Doutor Flores, ficou totalmente destruída. As cortinas de ferro foram quebradas e o local, invadido. Criminosos furtaram celulares e danificaram todo o estabelecimento.

O diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais, Neival Freitas, orienta os empresários a procurarem seus corretores. “Tudo depende do contrato. A cobertura básica, seja residência, condomínio ou estabelecimento, é contra incêndio, explosão e queda de raio, mas existem os adicionais”, ressaltou, citando apólices específicas para alagamento e roubo, por exemplo.

O dono de uma banca de revistas, que trabalha há 20 anos na avenida Borges de Medeiros, quase na Esquina Democrática, Jaci Espíndola, 70 anos, disse que perdeu o painel e vidros foram quebrados. “Eu acho certo reivindicar, mas não precisa quebrar tudo”, lamentou. O homem até chegou a estudar a possibilidade de procurar uma seguradora para se prevenir de novos eventos. No entanto, considera que pode não valer a pena.

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