Seis policiais são afastados após mortes em Paraisópolis

Seis policiais são afastados após mortes em Paraisópolis

Tumulto ocorrido durante baile funk deixou nove mortos na zona sul de São Paulo, na madrugada de domingo

AE

Caso aconteceu na madrugada de domingo

publicidade

O Comando da Polícia Militar afastou do serviço operacional nas ruas seis policiais envolvidos na ocorrência que terminou com nove pessoas mortas por pisoteamento em um baile funk em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Os agentes realizarão serviços administrativos enquanto a investigação conduzida pela Corregedoria e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) esclarece em quais circunstâncias as mortes aconteceram.

Rodrigo Cardoso da Silva, de 31 anos; Antonio Marcos Cruz da Silva, de 45; Vinícius José Nahool Lima, de 35; Thiago Roger de Lima Martins de Oliveira, de 37; Renan Cesar Angelo, de 31; e João Paulo Vecchi Alves Batista, de 36, tiveram as armas apreendidas e encaminhadas para perícia e já prestaram depoimento. Eles foram os primeiros agentes a entrar na favela. O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu localizar a defesa dos PMs.

O afastamento havia sido pedido à Corregedoria pela Ouvidoria da Polícia. O ouvidor Benedito Mariano disse que a ocorrência foi "desastrosa". "A improvisação e a precipitação podem ter contribuído, direta ou indiretamente, para as mortes dessa tragédia."

Ontem, o governador João Doria (PSDB) saiu em defesa da atuação da PM na madrugada do domingo ao dizer que "a letalidade não foi provocada pela Polícia Militar, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk". "Não houve ação da polícia em relação a invadir a área onde o baile funk estava ocorrendo. Tanto é fato que o baile funk continuou."

Doria disse ainda que os protocolos estabelecidos para a atuação da PM no Estado não sofrerão alterações, "o que não nos desobriga de reavaliar e rever pontos específicos de ação, onde falhas possam ter acontecido e, neste caso, corrigir as falhas para que elas não voltem a se suceder".

"As ações na comunidade de Paraisópolis, como em outras comunidades do Estado de São Paulo, seja pela desobediência à Lei do Silêncio, seja pela busca e apreensão de drogas, de furto e roubo de automóveis e motocicletas, ou de outros bens, vão continuar na capital, na região metropolitana e no Estado de São Paulo", ressaltou o governador, que chamou o caso de "incidente triste" e disse transmitir aos parentes dos nove jovens mortos sua "solidariedade".

O comandante-geral da PM, coronel Marcelo Salles, afirmou que a Polícia Militar havia montado uma operação especial para coibir o baile funk. Segundo ele, havia oito festas diferentes dentro da favela naquela noite, com 5 mil pessoas. Entretanto, a operação teria sido abortada, dado o volume de cidadãos aglomerados nas vielas. "Nós iríamos ocupar? Iríamos. Só que, às 20 horas, foi feita uma análise de risco e não dava. Já estava tudo tomado naquela localização. Ingressar ali seria um erro. (Seria um erro) dispersar ali. Tanto que esse evento ocorreu às 4 horas."

Salles afirmou ainda que a opção foi reforçar o policiamento no entorno do baile, sob o argumento de que criminosos se aproveitam da festa, e da multidão. "Há crimes adjacentes. Carros são roubados e levados para dentro do pancadão."


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895