Seminário discute sustentabilidade nas cidades

Seminário discute sustentabilidade nas cidades

Evento com diversos painéis sobre o tema ocorreu de forma virtual nesta quarta-feira

Henrique Massaro

publicidade

Em sua 10ª edição, o seminário Cidade Bem Tratada foi realizado nesta quarta-feira reunindo especialistas que apresentaram questões reais do centro dos debates sobre gestão de resíduos sólidos, saneamento básico, energias renováveis e redução da poluição e dos gases do efeito estufa. O evento, realizado de forma virtual, ocorreu em formato de painéis sobre diferentes temáticas relacionadas à sustentabilidade nas cidades, mas também trazendo as principais discussões sobre o meio ambiente mundo afora.

Durante a abertura, idealizador e coordenador do evento, o advogado e ambientalista Beto Moesch comemorou a possibilidade de realização de mais um seminário, mas fez um alerta, dizendo que a já permissiva legislação ambiental brasileira vem sendo “dilapidada”. “Acreditamos que é possível, necessário e só há uma maneira de termos sustentabilidade real e não só no discurso: colocando em prática os instrumentos de proteção e valorização do meio ambiente”, afirmou Moesch.

No primeiro painel do evento, o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE),s e mestre Economia Política Internacional, Adalberto Maluf, falou como o sistema elétrico será cada vez mais descentralizado e digitalizado. Segundo ele, a geração distribuída deve representar 74% da expansão da energia solar fotovoltaica e, em 2040, será a principal energia do mundo – no Brasil, será 40%, enquanto as energias hídricas cairão para menos de 30%. Segundo ele, os veículos elétricos entram como parte desta estratégia.

Maluf, que é também, membro do conselho das associações brasileiras de Energia Solar e Fotovoltaica e de Geração Distribuída, disse que a América Latina chegou a 2,5 mil ônibus elétricos em 2020, muitos deles exportados pela indústria brasileira e gaúcha. No entanto, cerca de dois mil são importados da China. “Hoje, por não termos desenvolvido a eletromobilidade no mercado brasileiro como deveríamos, estamos perdendo esses mercados de exportação”, comentou.

O especialista lembrou que o Brasil não possui uma política nacional de eficiência energética ou ambientalista para reduzir a poluição, mas afirmou que, pior ainda, é não ter uma política nacional em promoção da eletromobilidade, como diversos países já implementaram. Lembrou, por exemplo, que o país antes tinha seis anos de diferença da Europa nos padrões de emissão de poluentes e, atualmente, caminha para 11 anos. “Criar uma cidade mais sustentável, que melhore a poluição, reduza o ruído, não só melhora a nossa vida, mas proporciona a criação das tecnologias, dos softwares e dos empregos do futuro. Cidade bem tratada, inteligente, é cidade próspera, que vai ter emprego.”

Ainda pela manhã, no painel “A Cidade e sua Relação com a Natureza: Simbiose necessária para a sustentabilidade e diante as mudanças climáticas”, a bióloga da prefeitura de Porto Alegre Maria Carmem Bastos apresentou experiências como a implantação de Unidade de Conservação do Morro São Pedro em Porto Alegre, de urbanização dialogando com a natureza e as cidades no Século 21, e a experiência com Pagamentos por Serviços Ambientais. O evento ainda contou com painéis sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Novo Marco Regulatório do Saneamento – que discutiu desafios enfrentados na promoção de logística reversa pela Associação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro) –, do Tribunal de Contas do RS, do Ministério Público Estadual e da Cooperativa Reciclo, de Brasília, que trabalha com coleta de embalagens através da sua organização dos catadores.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895