Servidores do Clínicas paralisam atendimentos nesta segunda
Trabalhadores pedem reposição salarial de 21,87% e melhores condições de trabalho
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Segundo ele, desde a convenção coletiva de 2013, não há acordo no percentual de aumento e só foi paga a reposição da inflação. Ele disse ainda que a sobrecarga de trabalho é um reflexo da superlotação do hospital. Na Emergência, havia 111 pacientes para 49 vagas e a restrição de atendimento somente para os casos graves se mantinha desde o dia 18. No entanto, o atendimento ocorria normalmente, apesar da demora em razão do revezamento de equipes. As cirurgias não precisaram ser remarcadas.
“O profissional precisa atender de 12 a 15 pacientes e não há contratação de pessoal”, disse o técnico em segurança do trabalho João Menezes, que trabalha no Clínicas há 28 anos. “A situação tem piorado ao longo dos anos”, ressaltou.
Para os enfermeiros, não é pago aumento real desde 2012, segundo a presidente do sindicato da categoria no Estado, Cláudia Santos. “Profissional desvalorizado não rende”, avalia. Ela disse que a adesão da classe à paralisação no Clínicas e à greve no Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que entrou para o 12º dia, era quase de 100%.
O presidente da Associação dos Servidores do Grupo Hospitalar Conceição, Valmor Almeida Guedes, esclareceu que a mobilização é por tempo indeterminado. Na quarta-feira, a categoria irá avaliar, em assembleia, a proposta apresentada pela patronal. “A greve no GHC tem pauta específica e unificada com vários sindicatos, desde assuntos como contratação de pessoal, até qualificação de chefias”, salientou Guedes.
Para os funcionários da instituição, o aumento reivindicado é de 4%. Na emergência do Conceição, havia nesta segunda 64 pacientes para 60 leitos, uma lotação inédita, já que normalmente são atendidos 130 pessoas no local. A explicação é que a população, ao saber do movimento, opta por outras instituições.
Para o diretor-executivo Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SindHospa), Tibiriçá Rodrigues, o reajuste pedido pelo SindiSaúde não é realista. “Isso não existe. Quem vai pagar 21,87% com uma inflação de cerca de 5% ao ano?”, questionou. “Os movimentos começaram independentes e agora se misturaram. Estamos acompanhando, mas seguimos com a mesa de negociação”, disse Rodrigues.