Servidores do Imesf fazem apelo por diálogo em novo protesto em Porto Alegre
Grupo de manifestantes se reuniram em frente ao Centro de Saúde Modelo
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O Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) recomeçou a greve de três dias na manhã desta quarta-feira em Porto Alegre. Está prevista para sexta-feira uma assembleia para definir os próximos passos da mobilização. “Se o prefeito não demover, não está descartada a ideia de provocarmos uma paralisação por tempo indeterminado. Se não dá para conversar, vamos tentar por outros meios para que o prefeito Nelson Marchezan Júnior se sensibilize”, enalteceu o presidente eleito do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindisaúde), Julio Cesar Jesien.
Nessa terça, a maior concentração de trabalhadores aconteceu no Posto Modelo. De lá seguiram em caminhada até a sede do poder Executivo. Como explicou Jesien, diretamente são afetadas entre 48 e 55 unidades de saúde de toda a capital, dado obtido através de levantamento feito em redes sociais. Esclareceu que o intuito não é fechar unidades, mas provocar a adesão dos colaboradores ao movimento. “O fechamento pode acontecer, principalmente naquelas que são formadas unicamente por funcionários do Imesf. Quando metade participa, não tem como atender”, destacou.
O presidente eleito reforçou que é a gestão que fecha as portas e remaneja a equipe. A greve, segundo ele, tem o estopim na forma com que o prefeito anunciou o possível fim do Imesf. “Em momento algum abriu diálogo. No nosso ponto de vista, não está dado o fim do instituto porque ainda não há trânsito em julgado”, explicou. De acordo com Jesien, o primeiro ato organizado pelo grupo reuniu cerca de três mil pessoas – incluindo representantes da comunidade – que foram até a Câmara de Vereadores. Depois, foram os três primeiros dias de paralisação para tentar sensibilizar o poder público.
Jesien, que retorna hoje de Brasília, participou de uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), com a ministra Rosa Weber, para tratar do assunto. “Sabemos que há solução sem caos. A prefeitura entrou na quinta-feira com embargos contra a decisão do STF, respaldando o que os sindicatos vinham dizendo desde o início: há várias saídas possíveis, desde que haja vontade política”, detalhou.
Segundo ele, a prefeitura entrou com embargos declaratórios quanto à decisão do STF sobre o instituto. Situação que significa que a decisão judicial sobre o fim do Imesf será adiada, dando tempo para que saídas sejam construídas entre os três poderes, sindicatos, trabalhadores e usuários. O documento que oficializa os embargos tem a assinatura do prefeito e está datado da última quinta-feira.
Novo encontro ocorrerá no dia 22
De acordo com a prefeitura, Marchezan recebeu no Salão Nobre, no início da noite da terça-feira, um grupo de representantes dos 1,8 mil servidores do Imesf. A reunião durou cerca de uma hora. Acompanhado do secretário da Saúde Pablo Sturmer e do adjunto Natan Katz, o prefeito explicou aos servidores como está sendo conduzido o processo de transição do instituto e esclareceu dúvidas a respeito do aproveitamento dos profissionais pelas novas instituições que assumirão as unidades.
O prefeito garantiu aos profissionais que o plano do Executivo é o de ampliar e qualificar o atendimento na atenção primária do município. Também participaram da reunião Ana Maria Frolich Matzenbacher, vice-presidente do Imesf; Thiago Frank, diretor de Atenção Primária em Saúde e o procurador Renato Ramalho. Por outro lado, Jesien garantiu que esses trabalhadores não representam a categoria. “Foi imposto para que fossem até esse encontro para não se indisporem com a gestão, mas é importante lembrar que eles não eram representantes eleitos do Imesf.”
Jesien disse que, na semana passada, durante o programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o prefeito alegou que não havia formalização de um pedido de encontro, o que foi feito na última segunda. A prefeitura confirmou o recebimento do ofício de um grupo de sindicatos ligados à Saúde solicitando uma reunião para tratar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu pela inconstitucionalidade da lei que criou o instituto. O encontro está marcado para a terça-feira, 22, com representantes do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Rio Grande do Sul (SindiSaúde/RS), Sindicato dos Enfermeiros no Estado do RS (Sergs), Sindicato dos Odontologistas no Estado do RS (Soergs) e Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Estado do RS (Sindacs).