Sindicato alerta que parcelamento de salários pode paralisar ônibus da Capital

Sindicato alerta que parcelamento de salários pode paralisar ônibus da Capital

Trabalhadores aceitaram redução de jornada e vencimentos, com complemento do governo

Lucas Rivas / Rádio Guaíba

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O Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre alertou, nesta quinta-feira, que o funcionamento do transporte público pode parar, em meio à pandemia de coronavírus, caso as empresas de ônibus não honrem com o acordo firmado com os trabalhadores de pagar integralmente os salários da categoria, que já foram reduzidos em meio ao agravamento da crise. Conforme a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), mais da metade dos funcionários já se enquadrou na medida provisória 936/2020, do governo federal, que corta tanto a jornada de trabalho quanto os salários, levando a empresa a pagar parte do vencimento e a União o restante.

No setor privado, o transporte coletivo emprega mais de 5 mil trabalhadores na capital. O vice-presidente do Sindicado dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abbade, adverte que, se por um lado, o governo firmou compromisso de depositar parte dos salários, os empregadores, que estão alegando dificuldades financeiras, não.

Diferentes acordos foram firmados entre as empresas e o governo. Em alguns casos, a União chega a cobrir 30%, 50% e até 70% dos vencimentos, cabendo às companhias quitarem o restante. Em média, um motorista de ônibus ganha R$ 2,6 mil, e um cobrador, R$ 1,6 mil. O parcelamento atingiu toda a categoria, incluindo mecânicos, lavadores e pessoal administrativo.

Em nota, a ATP relata que a crise obrigou oito das 11 empresas a pagarem de forma parcelada os rodoviários em maio. Como justificativa, a classe patronal apontou queda de R$ 46 milhões em faturamento devido à quarentena, que reduziu em 70% o número de usuários entre 20 de março e o fim de abril. A associação alega ainda que as empresas alteraram a tabela de horários e reduziram a oferta de linhas, em conjunto com a EPTC, mas as medidas não foram suficientes para equilibrar o caixa. Nos últimos dias, a redução de viagens chegou, em média, a 60%.

“A situação é bem delicada, principalmente neste momento, onde fica claro o quanto o trabalhador rodoviário é essencial”, disse Antônio Augusto Lovatto, engenheiro de Transportes da ATP.


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