Sindicato condena aumento de 94% na tarifa do Trensurb

Sindicato condena aumento de 94% na tarifa do Trensurb

A partir de sábado, passagem será de R$ 3,30

Correio do Povo

Valor da passagem do trem quase dobra e chega a R$ 3,30

publicidade

O Sindicado dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexas do RS (Sindimetrô/RS) condenou, nesta quarta-feira, o aumento da tarifa unitária do Trensurb. Em nota, os servidores consideraram “abusivo” o novo valor da passagem – que quase dobrou, passando de R$ 1,70 para R$ 3,30. O reajuste é válido a partir de sábado.

O sindicato afirmou ainda que o aumento de 94% “está fora da realidade vivida pelos trabalhadores e estudantes que utilizam o meio de transporte”. Diariamente, o trem transporta 185 mil passageiros entre as cidades de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo.

“O aumento é abusivo, pois não leva em conta a grave crise de emprego enfrentada pelo País. São mais de 14 milhões de desempregados. Pessoas que diariamente se deslocam nas regiões metropolitanas atrás de novas oportunidades de trabalho. O preço acessível praticado pela Trensurb era um dos poucos serviços em que o trabalhador recebia o retorno do seu imposto”, ressalta a nota.

O sindicato argumenta ainda que não há motivos para que o índice do reajuste seja superior ao da inflação no período e que o aumento é uma tentativa do governo federal de privatizar a empresa.

"Serviço precarizado"

Em abril de 2018, fará dois anos que os trens novos apresentaram problemas e tiveram que ser retirados de circulação. Durante esse tempo, dos 15 veículos, apenas seis retornaram do conserto – o prazo para que todos estivessem funcionando era outubro de 2017.

O Consórcio FrotaPoa foi multado duas vezes pela Trensurb por descumprimento no prazo de entrega dos trens da série 200 - que apresentaram infiltrações no rolamento. O valor da pena já chega a R$ 7,3 milhões e representa 2% do valor total da compra dos 15 trens. O empreendimento custou R$ 242,6 milhões.

De acordo com o sindicato, dos trens novos que estão operação, “dois estão totalmente ‘canibalizados’, com as suas peças retiradas para consertar defeitos nos demais”. Para os servidores, isso mostra como o serviço da empresa está “precarizado”. Além disso, a nota denuncia o fechamento da maioria dos banheiros públicos das estações devido à falta de manutenção.

O que diz a Trensurb

Em nota, a Trensurb alegou que o valor da passagem do trem está congelado desde 5 de janeiro de 2008 – quando a tarifa passou de R$ 1,50 para R$ 1,70. E de acordo com o presidente da empresa David Borille, o valor atual da passagem cobre apenas 40% das despesas da empresa. "Os outros 60% são dinheiro do governo federal", ressaltou o presidente da Trensurb, David Borille.

A empresa havia solicitado em julho ao Ministério das Cidades reajuste de 47% - o que elevaria a passagem para R$ 2,50. Nesta quarta-feira, o governo federal autorizou o reajuste, contudo com aumento de 94,11%.

Segundo a Trensurb, as despesas da empresa, nos últimos anos, cresceram em função da expansão do sistema até Novo Hamburgo, agregando cinco novas estações e 9,3 quilômetros de linha. "Ao mesmo tempo, a Trensurb viu todos os seus custos de operação e manutenção crescerem, particularmente os gastos com a energia elétrica de tração dos trens, que aumentaram mais de 100% de 2007 a 2017", destacou o comunicado.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895