Sindicato dos Taxistas diz que só haverá reajuste na tarifa se tiver grande demanda da categoria

Sindicato dos Taxistas diz que só haverá reajuste na tarifa se tiver grande demanda da categoria

Trabalhadores alegam que aumento do valor pode piorar ainda mais situação de crise

Cláudio Isaías

Trabalhadores alegam que aumento do valor pode piorar ainda mais situação de crise vivida pela categoria

publicidade

Um levantamento do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) apontou uma redução de pelo menos 70% na queda de clientes e que pelo menos 50% dos taxistas não estão trabalhando. Atualmente, a categoria é composta por seis mil taxistas que estão aptos a exercer a função em Porto Alegre, entre permissionários e auxiliares. No entanto, mais da metade da frota está parada por falta de passageiros. 

O presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, afirmou que não tem conhecimento no momento de nenhuma mobilização de autorizatários (permissionários) solicitando o reajuste. "O Sintáxi não solicitou e só fará o pedido se houver grande demanda por parte dos taxistas, haja vista que a situação atual devido à pandemia não é favorável à pedidos de reajuste", acrescentou. 

Nozari informou que o último reajuste dos táxis ocorreu em 2016, em 2017, conforme a lei em vigor na época, que determinava reajustes anuais baseado no IGP-M a contar do último reajuste. " O sindicato cumpriu sua obrigação institucional e solicitou o reajuste devido e previsto em lei. No entanto, devido a situação difícil para a categoria em função da chegada dos aplicativos que usam carros particulares, alguns pseudo líderes da classe, iniciaram uma campanha com abaixo assinados para evitar o reajuste que certamente seria concedido, pois era uma determinação legal que não dependia da EPTC", recordou.

Redução de tarifa pode trazer mais perdas, alegam taxistas

Os taxistas de Porto Alegre não querem nem saber do reajuste das tarifas. O receio da categoria é que haja mais perda de passageiros caso ocorra uma elevação do preço das corridas. No ponto de táxi da rua General Câmara com a rua Sete de Setembro, o motorista Ari de Andrade, com mais de 30 anos de profissão, disse que não tinha visto nada igual como a crise da pandemia.

"Os clientes sumiram e ainda temos a concorrência dos aplicativos", ressaltou. Andrade, que trabalha das 6h às 16h, disse que tem feito uma média de seis a sete corridas. "Se chegar a dez corridas por dia tem que comemorar. Se tiver aumento das tarifas vamos passar fome", acrescentou.

O colega Diego da Silva, que atua há 15 anos como motorista, afirmou que o movimento caiu muito por conta da pandemia de coronavírus e pela presença dos aplicativos. "Nesse momento nada de reajuste", afirmou o condutor que trabalha de dez a doze horas por dia. Silva disse que comemora quando consegue realizar dez corridas por dia. 

No ponto de táxi da avenida Borges de Medeiros, João Machado, há dez anos como motorista, disse que a situação está horrível. "Muitos colegas que moram nas cidades vizinhas não conseguem ganhar nem mesmo para o combustível gasto e para as refeições", explicou. Segundo ele, no momento, ninguém está ganhando dinheiro, apenas sobrevivendo na esperança de dias melhores.

A redução da circulação de pessoas em locais como a Estação Rodoviária de Porto Alegre, o Porto Alegre Airport - Aeroporto Internacional Salgado Filho, shoppings e lojas – mesmo que no Centro Histórico tenha aumentado a presença de público em função da reabertura das lojas – segue sendo apontada pelos taxistas como os principais fatores da crise causada no setor pela Covid-19. 

Com 20 anos de profissão, Antônio Roncatto disse que nunca tinha visto uma crise econômica como a provocada pelo coronavírus que afetou o movimento de passageiros. "Tem dias que são feitas cinco corridas por dia", explicou o condutor estacionado na avenida Borges de Medeiros. Segundo ele, o serviço com a pandemia teve uma queda vertiginosa. "Antes da pandemia, eram de 10 a 12 corridas diárias. A esperança é que tudo isso passe de uma vez", ressaltou. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895