Antes da realização de audiência pública sobre a privatização da Trensurb, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviário e Conexas do Rio Grande do Sul (Sindimetrô/RS) organizou na manhã desta quinta-feira um café da manhã com usuários que desembarcavam na estação Mercado, em Porto Alegre, conversando sobre o tema da desestatização.
“A ideia é conversarmos com trabalhadores e estudantes sobre o que vai acontecer se a Trensurb for privatizada. O Rio de Janeiro é o único metrô totalmente privatizado e tem a tarifa mais cara do país (R$ 6,50) e com acidentes constantes. Queremos que os usuários se unam a nós em defesa de um transporte público de qualidade”, explica o presidente do sindicato, Luis Henrique Chagas.
Desde às 6h30min, os representantes do sindicato recepcionaram usuários com lanches e café, em ação realizada neste formato pela primeira vez. “Escutamos histórias de pessoas que batalham por um prato de comida, que paga caro pela tarifa do trem e nem sempre garante a tarifa da volta", afirma Chagas. Atualmente, a tarifa da Trensurb é de R$ 4,50.
O Sindimetrô/RS defende que como direito constitucional, a tarifa deveria ser zero, realidade existente em cidades europeias. Conforme o sindicato, cidades como Vargem Grande, em São Paulo, e, de forma experimental, Parobé, no Vale do Paranhana, adotam essa medida no transporte público rodoviário. Chagas explica que o subsídio para isso viria de impostos já pagos.
Além disso, o presidente do sindicato reforça que as reclamações dos usuários quanto ao serviço têm foco em manutenção da linha e de estações, serviços que já são terceirizados, projetando não haver melhorias em caso de desestatização.
Estudos avançados
A Assembleia Legislativa realiza às 10h audiência pública, em formato híbrido, proposta pela deputada Luciana Genro (PSOL). A Trensurb está no plano nacional de privatizações do governo federal desde 2019. Os estudos de modelagem para a privatização, conduzidos pelo governo federal com apoio do BNDES e consultorias contratadas pelo banco, estão em estágio avançado.
No âmbito estadual, estudos para definição do modelo da concessão a ser outorgada para o serviço de transporte ferroviário metropolitano também estão em andamento. A meta do governo federal é privatizar a empresa ainda neste ano.
Felipe Nabinger