Sociedade de Infectologia do RS é contrária ao afrouxamento de isolamento

Sociedade de Infectologia do RS é contrária ao afrouxamento de isolamento

Entidade emitiu nota em que endossa as orientações do Ministério da Saúde de isolamento

Jessica Hubler

Conforme Schwarzbold, existe um movimento, até por pressão empresarial, da questão de abertura do isolamento horizontal

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A Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI) emitiu uma nota com posicionamento a respeito da Covid-19 e as regras de distanciamento social. De acordo com o presidente da SRGI, Alexandre Schwarzbold, a entidade é favorável às indicações do Ministério da Saúde de distanciamento social e contrária à possibilidade de um “afrouxamento” destas determinações. “Ainda que tenhamos menos casos do que muitos outros estados do país, e a razão é justamente essa, está mostrando um sucesso em controlar a ocorrência de casos graves em pouco tempo, o que faz com que o nosso sistema de saúde local consiga dar conta sem nenhum problema”, afirmou.

Segundo Schwarzbold, em comparação com outros lugares do Brasil, as cidades de São Paulo e Manaus, por exemplo,  no sistema público de saúde já foi registrado o esgotamento dos leitos de UTI. “Imagina se a gente abre um processo, sem controle algum, em que a gente vai ter, de modo exponencial o aparecimento de casos, o sistema de saúde não vai dar conta”, reforçou. Além disso, Schwarzbold reiterou que é preciso lembrar que não estamos vivendo uma situação de “isolamento total” ou “lockdown”.

“Nestes casos as pessoas acabam ficando obrigatoriamente restritas em casa, precisam fazer abastecimento de comida, é diferente do que a gente vive, por aqui as pessoas podem ir ao supermercado, podem se deslocar para questões básicas, os serviços essenciais estão funcionando normalmente, podemos ainda permitir que as pessoas tenham uma certa mobilidade, evitando aglomerações, diferente do que ocorre em outros países”, enfatizou. Conforme Schwarzbold, existe um movimento, até por pressão empresarial, da questão de abertura do isolamento horizontal.

“Não podemos trabalhar com achismo ou aventuras, o problema de afrouxar as restrições é que você perde o controle e isso vai ser às custas de mortes”, assinalou. Schwarzbold declarou que a SRGI se apoia em informações mundiais e usa como base um estudo elaborado pela área econômica nos Estados Unidos, comparando a pandemia do novo coronavírus com a Gripe Espanhola, no início do século passado. “Eles verificaram que as cidades americanas que adotaram medidas precoces no isolamento, como aparentemente estamos fazendo, tiveram menos mortes e recuperação econômica melhor que as outras”, exemplificou, reforçando que isso mostra o quanto esse distanciamento social é um acerto, do ponto de vista socioeconômico, lá na frente.

Até o momento, de acordo com Schwarzbold, não é possível afirmar quanto tempo esse distanciamento deve durar. “Pelo número diário de novos casos, estimamos que em maio deve ocorrer o pico da epidemia, mas não arriscamos indicar uma data limite, é completamente irresponsável e impossível nesse momento”, declarou.


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