Somente um estado atinge meta de vacinação do sarampo

Somente um estado atinge meta de vacinação do sarampo

Em 2017, apenas o Ceará alcançou mais de 95% da cobertura

AE

Somente 1 estado atinge meta de vacinação do sarampo

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Vinte e cinco Estados e o Distrito Federal não alcançaram, no ano passado, a meta de vacinação contra o sarampo. Contagiosa, a doença se espalha pelos Estados do Amazonas e de Roraima, mas também já atinge o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. Segundo dados oficiais, o País registrava, até o fim de junho, 1.891 casos suspeitos da doença e 472 confirmações - a maior parte na Região Norte e 7 no Rio Grande do Sul. Apenas o Ceará alcançou, em 2017, mais de 95% da cobertura vacinal na segunda dose - meta do Ministério da Saúde preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No total, o Brasil tinha cobertura de 71,5% em 2017, o que representa queda em relação à imunização registrada no ano anterior. A baixa vacinação contra o sarampo preocupa autoridades de saúde. "A pressão de retorno dessas doenças é constante. Temos um trânsito de pessoas de um lugar pra outro muito grande", explica Flávia Bravo, médica e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações no Rio (Sbim-RJ).

No Estado do Rio, a Secretaria de Saúde informou ontem que tem 17 casos sob investigação. Um deles já teve resultado preliminar positivo, mas ainda aguarda a confirmação pelo laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Trata-se de uma paulista de 21 anos que mora na capital fluminense. A jovem só foi diagnosticada após viajar para São Paulo, onde moram parentes - o caso também é investigado no Estado.

A infectologista do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, explica que a melhor forma de prevenir a doença é a vacinação - a primeira dose deve ser aplicada em crianças de 12 meses e a segunda dose, quando completam 1 ano e 3 meses. Em São Paulo, a cobertura vacinal da segunda dose atingiu apenas 67,9% do público-alvo no ano passado, segundo o ministério.

Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Rejane de Paula reconhece o problema. Segundo ela, além de questões técnicas como o atraso para a computação de dados de vacinação pelo governo federal, a população tem buscado menos a imunização. "É o que acontece em todo o Brasil. Notamos que um movimento antivacina está circulando em nosso Estado", diz. Na semana passada, o Estado de São Paulo mostrou também que o País tem 312 municípios com alto risco de retorno da poliomielite. Na lista, estão cidades que não alcançaram nem 50% da cobertura para a pólio.

Falsa tranquilidade

Segundo especialistas, os informes de erradicação de doenças - a região das Américas foi considerada livre do sarampo em 2016 pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) - podem ter levado a população a não buscar os imunizantes. Hoje, as Américas relatam 1.685 casos confirmados em 11 países - 85% na Venezuela. O Brasil passou, por exemplo, a registrar a circulação do vírus do sarampo (genótipo D8, circulante na Venezuela desde 2017) nos Estados de Roraima e Amazonas.

Outra dificuldade é que, com a redução de casos em consultórios, profissionais de saúde têm dificuldades em reconhecer o sarampo. "Toda doença que fica muito tempo longe da gente, o médico não pensa nela. Com o sarampo não é diferente. Pode ser que os médicos mais jovens nunca tenham visto um caso", diz Boulos. Segundo Flavia Bravo, da Sbim-RJ, a recomendação é de que pais de crianças com idade para a vacinação procurem o serviço de saúde.

Jovens adultos também podem buscar a imunização. "Muitas pessoas que têm hoje 30 anos tomaram a vacina aos 9 meses e era uma dose só. Todos têm de saber o seu passado de vacinação e, na dúvida, se vacinar. Não tem overdose", diz. Em agosto, o Ministério da Saúde fará uma campanha de vacinação contra o sarampo e outras doenças, como a pólio.

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