Sonda detecta condições propícias à vida na lua de Saturno

Sonda detecta condições propícias à vida na lua de Saturno

Instrumentos detectaram a presença do gás em jatos de vapor

AFP

Nasa descobriu hidrogênio no material expelido da lua de saturno

publicidade

A sonda americana Cassini detectou hidrogênio em emanações surgidas de fissuras da espessa capa de gelo de Encelade, uma lua de Saturno, o que evidenciaria reações hidrotermais propícias à presença de vida, segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira. De acordo com os cientistas autores desta descoberta publicada nesta quinta-feira na revista americana Science, as "reações hidrotermais entre rochas quentes e o oceano que se encontra sob a superfície gelada da lua são a única explicação plausível deste hidrogênio".

"Embora não tenhamos detectado vida, encontramos uma fonte de alimentação da vida", explicou Hunter Waite, do Southwest Research Institute de San Antonio, no Texas. Na Terra, este processo fornece energia aos ecossistemas que se desenvolvem nas proximidades das chaminés hidrotermais no fundo dos oceanos nos quais há atividade vulcânica.

Os instrumentos da Cassini detectaram este hidrogênio molecular em 2015, quando a sonda teve sua maior aproximação com a superfície de Encelade - cerca de 50 km - para atravessar um gêiser na região do polo Sul.

Os pesquisadores assinalam que o vapor das partículas atravessadas por Cassini continham até 1,4% de hidrogênio e 0,8% de dióxido de carbono, elementos centrais para a metanogênese, uma reação química na qual a Terra permite que micróbios vivam nas profundezas dos oceanos que os raios de sol não conseguem alcançar.

"Esta observação representa um avanço importante para avaliar a habitabilidade de Encelade", considerou Jeffrey Seewald, um cientista da Woods Hole Oceanographic Institution, em um artigo que acompanha o estudo.

Cassini já havia recolhido dados que davam conta da presença de um vasto oceano debaixo de uma espessa capa de gelo no fundo do qual se encontra um rodapé rochoso. A sonda está na órbita de Saturno desde 2004.

Em coletiva de imprensa, Linda Spilker, cientista de projeto da Cassini, explicou que o hidrogênio encontrado poderia ser uma fonte de energia para micróbios. Nenhum organismo vivo foi encontrado, porém. Cassini não tem instrumentos que poderiam detectar isso. “Mas ela detectou um oceano em atividade. É o mais longe que poderíamos chegar com a sonda”, disse.

Esse é o mais perto que chegamos, até agora, de identificar um lugar com elementos necessário para um ambiente habitável”, disse Thomas Zurbuchen, diretor de ciência da Nasa. "Os resultados demonstram que o caráter interconectado das misssões científicas da Nasa estão nos levando próximos de responder se estamos sozinhos ou não", destacou. 

"Apesar de não termos detectado vida, encontramos que há alimentos necessários para o seu desenvolvimento. É como uma loja de doces para micróbios", disse o Hunter Waite, principal autor do estudo na revista Science.






Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895