Sueco Svante Pääbo vence o Nobel de Medicina por trabalhos sobre a evolução humana

Sueco Svante Pääbo vence o Nobel de Medicina por trabalhos sobre a evolução humana

Pioneiro da paleogenética descobriu em 2009 que 2% dos genes passaram destes hominídeos extintos para o Homo Sapiens

AFP

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O Prêmio Nobel de Medicina foi atribuído nesta segunda-feira (3) ao sueco Svante Pääbo, pioneiro da paleogenética, pelo sequenciamento completo do genoma dos neandertais e a fundação desta disciplina, que analisa o DNA de tempos remotos para decifrar os genes humanos.

"Ao revelar as diferenças genéticas que distinguem todos os seres humanos vivos dos hominídeos extintos, suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", afirmou o Comitê Nobel. Graças ao sequenciamento de um osso encontrado na Sibéria em 2008, Pääbo conseguiu revelar a existência de outro hominídeo diferente e desconhecido até então, o hominídeo de Denisova, que vivia na atual Rússia e na Ásia.

Com 67 anos e trabalhando na Alemanha há décadas, Pääbo descobriu em 2009 que 2% dos genes passaram destes hominídeos extintos para o Homo Sapiens. O fluxo antigo de genes para os humanos modernos tem um impacto fisiológico, por exemplo, na forma como o sistema imunológico responde às infecções.

Seus trabalhos demonstraram recentemente que os pacientes de covid-19 com um segmento de DNA de Neandertal - em particular na Europa e no sul da Ásia -, herança de um cruzamento com o genoma humano há quase 60.000 anos, têm maior risco de sofrer complicações graves da doença.

"As diferenças genéticas entre o Homo Sapiens e nossos parentes mais próximos agora extintos não eram conhecidas até que foram identificadas graças ao trabalho de Pääbo", acrescentou o Comitê Nobel.

DNA deteriorado

O cientista sueco superou as dificuldades de estudar um DNA muito deteriorado pelo tempo, já que, após milhares de anos sobram apenas restos, altamente contaminados por bactérias ou vestígios humanos. Em uma entrevista à Fundação Nobel, o paleogeneticista disse que estava "tomando o último gole de chá" quando recebeu um telefonema de Estocolmo.

"Eu realmente não pensei que (minhas descobertas) me fariam merecedor de um Prêmio Nobel", afirmou.

O homem de Neandertal conviveu por um período com o homem moderno na Europa, antes de desaparecer totalmente há quase 30.000 anos. Pääbo, nascido em Estocolmo, mora em Leipzig (Alemanha). "Foi fácil entrar em contato com ele, não estava dormindo", explicou Thomas Perlmann, secretário do Comitê Nobel.

O Instituto Max-Planck, onde Pääbo trabalha, celebrou o prêmio e elogiou um trabalho "que revolucionou nossa compreensão do desenvolvimento histórico dos humanos modernos". O pai de Svante Pääbo, Sune Bergström, venceu o prêmio Nobel de Medicina em 1982 por suas descobertas sobre os hormônios. Svante Pääbo usa o sobrenome da mãe, a química estoniana Karin Pääbo.

O prêmio inclui uma quantia de 10 milhões de coroas (unos 900.000 dólares).

Depois do Nobel de Medicina serão anunciados os prêmios de Física (terça-feira), Química (quarta-feira) e os mais esperados: Literatura (quinta-feira) e Paz (sexta-feira em Oslo).

O Nobel de Economia, a criação mais recente da premiação, fecha a temporada do Nobel na próxima segunda-feira. Com a atribuição do 113º Nobel de Medicina, 226 indivíduos já receberam o prêmio desde sua criação, incluindo 12 mulheres.

No ano passado, o prêmio foi atribuído aos americanos Ardem Patapoutian e David Julius por suas descobertas sobre a maneira como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

Cientistas americanos ou que trabalham nos Estados Unidos, de sexo masculino, dominam amplamente os Nobel científicos das últimas décadas, apesar dos esforços dos jurados para premiar mais mulheres.


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