Superlotação de emergências não tem solução a curto prazo

Superlotação de emergências não tem solução a curto prazo

Falta de recursos afeta cada vez mais a população

Jéssica Mello

Superlotação das emergência afeta serviços para a população

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A crise econômica tem agravado a situação da Saúde. No entanto, o mais preocupante é que as entidades da área avaliam que não há solução a curto prazo. Com a redução de recursos públicos federais e estaduais há maior fechamento do que abertura de leitos e unidades de saúde, o que resulta em menor oferta de serviços para a população. “A situação é ruim e a perspectiva é piorar. Estamos em recessão inclusive na saúde”, ressaltou o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Rogério Wolf de Aguiar.

O maior problema para as entidades está na porta de entrada aos atendimentos de saúde. A superlotação de emergências é corriqueira, assim como as filas de espera na madrugada para a retirada de fichas de atendimento em postos. “Grande parte das classificações em emergências são azuis ou verdes, que poderiam ser solucionados com um atendimento na rede básica, mas como a maioria atende em horário comercial e há dificuldade para conseguir o primeiro atendimento, a solução acaba sendo esta”, explica o presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RS), Daniel Menezes de Souza.

Para Souza, a questão é também administrativa. No ano passado, houve redução de repasses para a área, mas em anos anteriores não houve melhorias em espaços e serviços. “Faltam recursos, mas também falta gestão e há poucos profissionais. Dessa forma, há uma redução na qualidade do atendimento e o aumento da violência com os trabalhadores. A população não entende esta falta de estrutura”, diz. Pela dificuldade no primeiro atendimento, ele percebe em muitos casos o agravamento da doença ao chegar ao hospital.

De acordo com Aguiar, há mais demora para conseguir um atendimento nas especialidades de pediatria, ortopedia e neurocirurgia. “Mais de cem pessoas com indicação de internação aguardam leitos para psiquiatria. Em todas as áreas, a população aumenta e a oferta dimunui”, relata o médico. O número de profissionais de enfermagem afastados por doenças mentais, como depressão, está próximo a 60%, superando as traumato-ortopédicas, causadas pelos movimentos repetitivos e uso de força para manipular os pacientes. “Saúde é uma área insalubre, mas cada vez mais tem casos de constrangimento e violência”, conta.

Uma pesquisa feita pelo Datafolha no ano passado em todo o país, a pedido do Conselho Federal de Medicina, revelou que 93% dos brasileiros consideram os serviços de saúde no Brasil como péssimos, ruins ou regulares. A avaliação negativa ocorre também para 87% dos entrevistados quando o assunto é SUS. O tempo de espera é o principal problema apontado pelos usuários (89%). A pesquisa indicou que 77% acredita que o governo tem falhado na gestão de recursos públicos para a saúde.

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